Quando a Bolsa de Xangai caiu 6,9% no primeiro dia de negócios deste ano, o resultado foi um forte recuo das ações em outras partes do mundo. Menos de dois meses depois, o índice chinês fechou com baixa de 6,4% em meio a preocupações com a liquidez no mercado local e a recente desvalorização do yuan. Apesar disso, as bolsas europeias fecharam com alta expressiva e as de Nova York caminham para terminar o dia com ganhos.

A mudança é um sinal de que os investidores estão cada vez mais avaliando que as bolsas da China não são uma boa medida da saúde da segunda maior economia do mundo. Os investidores têm buscado qualquer sinal sobre o crescimento econômico chinês, tendo em vista que a desaceleração naquele país tem efeitos globais, mas muitos começar a defender que indicadores e o mercado de câmbio são medidas mais adequadas a se acompanhar.

“Eu acho que os movimentos nos mercados de ações chineses são cada vez mais vistos como idiossincráticos”, afirmou Mark Luschini, estrategista chefe de investimentos da Janney Montgomery Scott. “Os investidores têm percebido que isso é um cassino e que a atividade é em boa parte guiada por especulações e por intervenções estatais desajeitadas”, disse.

O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central do país) vem tentando tranquilizar os investidores nas últimas semanas por meio de medidas de estímulo. Isso tem ajudado a estabilizar os mercados, mas também obscurece mais o mecanismo de sinalização do mercado.

A economia chinesa “é uma preocupação, mas não agora”, comentou Adam Sarhan, diretor executivo da Sarhan Capital, sugerindo que o governo chinês está “empurrando com a barriga” os problemas estruturais.

O uso de injeções de liquidez combinadas com a prevalência de investidores de varejo tornou as bolsas chinesas mais voláteis do que as dos EUA. O Xangai Composto oscilou mais de 2% em 13 dias até agora neste ano, enquanto o S&P 500, que vem tendo um início de ano particularmente volátil, mostrou movimento como esse apenas cinco vezes.

Para os investidores das bolsas norte-americanas, seria muito difícil seguir cada movimento na China, por isso quando hoje de manhã foram divulgados os dados sobre encomendas de bens duráveis nos EUA – que tiveram em janeiro a maior alta em dez meses – os investidores ficaram satisfeitos.

“Em algum momento os fundamentos importam e é isso que estamos vendo no mercado hoje”, disse Quincy Krosby, estrategista de mercados da Prudential Financial. Fonte: Dow Jones Newswires.