O estudante Márcio Machado Moyses faz parte da geração de novos investidores da bolsa. Com 19 anos, ele negocia ações desde os 12, quando foi incentivado pelo pai a conhecer o mercado acionário. Recebeu R$ 400 e não parou mais. Sua última experiência, porém, não foi tão bem-sucedida. Moyses abriu o seu home broker e montou uma operação a termo com o papel da LLX.

Nessa estratégia são feitos contratos futuros de compra e venda com preço combinado para a data da liquidação, que deve ocorrer em, no mínimo, 16 dias. Ganha quem acertar o cenário. O estudante estava com R$ 200 mil em jogo, sendo metade em alavancagem, e amargou prejuízo. Ele não fala o quanto deixou de embolsar, mas essa perda não parece importar muito.
 

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Compra e venda milionária: Wagner Caetano de Souza movimenta R$ 1 milhão diariamente
 

Está novamente em frente ao seu computador tentando achar uma nova oportunidade. Abre algumas telas simultâneas, acessa a parte de gráficos e deixa vários books (como são conhecidos os quadros em que se dispara a ordem para a corretora) de prontidão para não perder tempo. Quem utiliza o home broker deve estar se perguntando: como isso é possível?

Moyses e uma pequena parcela de investidores fazem parte de um seleto grupo. Eles são quase profissionais, embora atuem em causa própria. Movimentam centenas de milhares de reais por dia e são chamado de heavy users porque fazem várias operações ao dia, em grandes volumes, e também negociam opções, que estão classificadas como apostas de alto risco e exigem conhecimento avançado.

E, por isso, precisam de uma ferramenta que vai além da simples ordem de compra e venda de papéis, como ocorre no home broker tradicional. De olho nessa profissionalização dos amadores, algumas corretoras incrementaram o seu home broker, que está sendo chamado, na maioria dos casos, de HB Pro.

Neste novo sistema, o investidor pode alavancar suas operações, fazer venda de ações sem ter dinheiro (a descoberto), atuar no mercado futuro e utilizar inúmeras telas gráficas. ?As funções são mais sofisticadas que o home broker tradicional para aguentar o tráfego de informações?, diz Rodnei Riscali, da Hera Investment.

Corretoras incrementam o sistema de negociação de ações para fisgar os jovens que estão na bolsa

O HB Pro pode ser a mesma ferramenta ou uma adaptação da utilizada pelos operadores das mesas de corretagem. O importante é ter velocidade quase instantânea para montar operações casadas com ações. Na comparação com o home broker tradicional, é possível economizar, em média, até dois minutos entre o envio de uma ordem e a confirmação, dependendo do horário e do fluxo da Bovespa. É um tempo crucial para ganhar ou perder dinheiro quando se tem uma boa informação em mãos.

?Agilidade e ganho de tempo, com cotações mais rápidas, fazem toda a diferença?, afirma Alexandre Marchetti, diretor da XP Investimentos. Para ter esse avião das operações em bolsa, Wagner Caetano de Souza precisou instalar um software no seu computador, em vez de utilizar a janela do navegador de internet (browser) que é aberta sempre que o investidor coloca o login e senha no site da sua corretora.

Dessa maneira, não disputa a conexão com outros usuários e pode operar com tranquilidade. ?A plataforma é mais rápida e estável que o home broker e permite fazer desde day trade até aluguel de ações?, diz Souza, 31 anos, que deixou a engenharia robótica para se dedicar exclusivamente ao mercado acionário em 2007.
 

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Ações com lucro rápido: Bruno Nadalin agora investe no swing trade

Essa ferramenta profissional tem custo mensal que varia de R$ 110 a R$ 400, dependendo dos acessórios que o investidor quiser ter. Inicialmente, algumas corretoras isentam a cobrança dessa taxa e ganham só na corretagem. Por isso, a importância de movimentar altas somas de dinheiro. Diariamente, Souza calcula que movimenta R$ 1 milhão na compra e na venda de ações em sete a dez operações. Bruno Nadalin, quando fazia operações de day trade, chegou a quase R$ 2 milhões.

?Parece muito, mas durante o dia se faz constantemente a compra e venda de mini-índice, por exemplo, de R$ 13 mil?, explica Nadalin, 29 anos, que parou de fazer essas estressantes operações e está no swing trade, ou seja, compra um papel com expectativa de ter um bom lucro no curto prazo. Para as corretoras, o importante é ter um rígido controle sobre quem vai utilizar e quais são os limites financeiros de cada investidor. ?É preciso ser criterioso e ter controle efetivo?, diz Ricardo Calmon, responsável pelo home broker da Prosper Corretora.

 
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