24/10/2025 - 15:33
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya disse nesta sexta-feira, 24, que os integrantes do PCC que planejavam matá-lo chegaram a alugar uma casa perto do condomínio onde ele mora para monitorar sua rotina. “Havia também uma residência que provavelmente foi locada, justamente para facilitar esse acompanhamento, a cerca de 900 metros do condomínio que eu resido”, disse Gakiya em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 24.
Além do imóvel, a facção usou drones para vigiar a residência de Gakiya. “Eu tive minha casa vigiada por drones. Havia uma casa próxima ao meu condômino que foi utilizada como base para monitorar minha rotina. Foram encontrados diversos prints de tela com o trajeto que eu utilizo diariamente para me deslocar para o Ministério Público, e também algumas rotinas, como academia. Elas foram remetidas para o setor que eles denominam de Sintonia Restrita do PCC”, detalhou o promotor à GloboNews.
Segundo as investigações, os criminosos monitoraram a mulher de Medina, que teve o carro fotografado. No celular de um dos faccionados, os policiais encontraram prints e áudios que mostram ele negociando fuzis, “além de coletar prints de mapas de georreferenciamento indicando localizações precisas em Presidente Prudente, inclusive, da sede do Ministério Público de Presidente Prudente”.
A investigação do Ministério Público descobriu como atua o setor da facção chamado “Sintonia Restrita”, responsável por planejar assassinatos de autoridades e tentativas de resgate de chefes da facção presos. Uma nova operação contra a facção foi realizada nesta manhã.
Ordem para matar
O promotor ainda apontou que a morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes fazia parte de um plano maior do PCC.
“E adianto também que provavelmente faz parte do mesmo salve, de uma mesma ordem, que culminou com a morte, infelizmente, do Dr. Ruy Ferraz Fontes. Nesse mesmo salve havia a ordem para me matar e matar o Dr. Roberto Medina também”, disse Gakiya em entrevista à GloboNews na manhã desta sexta.
Delegado de Polícia por mais de 40 anos, Ruy foi o responsável por indiciar toda a cúpula do PCC em 2006. Ele foi executado em uma emboscada na Praia Grande.
Facção tem setor estruturado para planejar atentados
Segundo o MP, tal célula do crime organizado é estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada. Os integrantes são responsáveis por realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados.
De acordo com os elementos colhidos, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, num plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização.
O setor opera sob rígido esquema de compartimentação, no qual cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama.
Quem são o promotor e diretor de presídios
Medina e Gakiya são velhos alvos do PCC. Ambos já tiveram seus nomes envolvidos em outros planos da facção. Eles eram apontados pelos criminosos como “cadáveres excelentes”, ou seja, vítimas notórias do crime organizado.
Gakiya é um dos principais responsáveis por investigar a facção no País. Ele é membro do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) do Ministério Público Estadual e atua contra o PCC há mais de 20 anos.
Medina é coordenador das penitenciárias da região oeste de São Paulo, onde está detida a maioria das lideranças do PCC no Estado.