28/01/2020 - 11:03
Enquanto milhares de fãs choram pela morte de Kobe Bryant, uma equipe de especialistas avança lentamente na investigação do acidente de helicóptero que acabou com a vida do astro do basquete, de sua filha Gianna e outras sete pessoas.
A área da queda da aeronave na manhã de domingo é muito complexa, o que dificulta a delicada tarefa de recuperação dos restos mortais das vítimas, assim como as análises para determinar as causas do incidente.
“Estamos esperando que a medicina forense termine o trabalho de identificação. Eles estão ocupados recuperando os restos mortais neste momento. É uma tarefa muito difícil e vai levar tempo, assim vocês devem ser pacientes”, disse o xerife do condado de Los Angeles, Alex Villanueva.
De acordo com o jornal “Los Angeles Times”, três corpos foram recuperados no domingo, mas na segunda-feira (27) não foram divulgados detalhes sobre o progresso.
O helicóptero Sikorsky S-76 caiu na manhã de domingo sobre as colinas próximas a Calabasas, sul da Califórnia.
Bryant, 41 anos, viajava em seu helicóptero privado do condado de Orange, onde morava, até sua academia esportiva Mamba em Thousand Oaks, onde sua filha de 13 anos disputaria uma partida de basquete.
– “Descansa em paz” –
A notícia de sua morte provocou grande consternação em todo planeta, a começar pelos moradores de Los Angeles que o viram jogar por 20 anos.
Em uma praça localizada na frente do Staples Center, casa dos LA Lakers, vários altares improvisados foram criados em homenagem ao astro, com balões, tênis, bonés, flores e velas.
Os Lakers deveriam retornar ao Staples Center nesta terça-feira para enfrentar o LA Clippers pela temporada regular, mas a NBA decidiu adiar o jogo para uma data ainda a ser determinada “por respeito aos Lakers, profundamente abalados pela trágica perda de uma lenda da organização”.
Sua próxima partida em casa está marcada para sexta-feira contra o Portland Trail Blazers. No site de revenda de ingressos StubHub, a entrada mais barata era de 768 dólares e a mais cara US$ 10.000.
Homenagens foram prestadas a Bryant em partidas de segunda-feira da NBA, como Knicks-Nets em Nova York, quando um minuto de silêncio foi observado.
Em Chicago, durante a partida entre Bulls e San Antonio Spurs, o jogador DeMar DeRozan (Spurs) escreveu em seu tênis: “Descanse em paz Bean” (feijão), um dos sobrenomes de Bryant. “Te amo, irmão mais velho”.
Na segunda-feira à noite, o astro LeBron James afirmou que estava “devastado” com a morte de Bryant em uma publicação no Instagram, na qual também prometeu continuar o legado de seu amigo nos Lakers.
“Estou sentado aqui tentando escrever algo para este post, mas cada vez que tento eu começo a chorar de novo, ao pensar em você, na minha sobrinha Gigi e na amizade/laço/irmandade que nós tínhamos”, escreveu.
– “Bastante devastadora” –
Ainda é muito cedo para determinar a causa da tragédia.
Jennifer Homendy, do Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB), disse que os investigadores permanecerão o resto da semana coletando provas.
“A cena do acidente é bastante devastadora”, declarou, antes de informar que os destroços da aeronave estão espalhados ao longo de 180 metros.
“Ficaremos aqui por cinco dias para retirar as provas perecíveis. Não estamos aqui para determinar a causa do acidente, não a determinaremos no próprio local”, disse.
Homendy indicou que o helicóptero não tinha caixa preta, o que não é uma exigência para este tipo de aeronave.
Ela explicou que o piloto fez um requerimento especial para voar abaixo do mínimo de 1.000 pés das regras de voo visual (VFR), que foi concedido, e que antes da queda ele informou que subiria para evitar as nuvens. Foi o último contato que fez, voando a 2.300 pés.
“A pergunta se o piloto deveria estar voando na neblina é parte de nossa investigação”, completou Homendy.
A neblina era suficientemente intensa no domingo, a ponto de a Polícia usar seus próprios helicópteros somente à tarde.
Philippe Lesourd, piloto de helicóptero e instrutor que voa no estado há 29 anos, declarou à AFP que a explicação mais provável é que o piloto tenha sofrido uma “desorientação espacial” ao perder o visual do solo ao entrar nas nuvens.
“Um helicóptero é instável, não é como um carro ou um avião. Constantemente é necessário controlar ativamente sua altitude”, disse. “Quando você está nas nuvens, o cérebro não reconhece o que está acima e o que está abaixo”, completou.