Com aportes mensais de R$ 300, a jornada até conquistar meio milhão pode parecer longa, mas a disciplina, aliada ao poder dos juros compostos dos investimentos, transforma esse objetivo em uma possibilidade real.

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A velocidade para alcançar o objetivo está diretamente ligada ao retorno obtido. Em um cenário conservador, o investidor tem mais segurança, porém levará mais tempo.. Já quem tem maior tolerância ao risco, pode buscar aplicações mais arriscadas e com um potencial de maior retorno no longo prazo.

Especialista em investimentos e sócio da GT Capital, Joaquim Neto elaborou simulações de quanto tempo seria necessário em diferentes aplicações para atingir o objetivo. Confira.

Quanto tempo para acumular R$ 500 mil com aportes de R$ 300

  • CDB com rentabilidade de 100% do CDI: 41 anos e 8 meses
  • Tesouro Direto IPCA + 6,5%: 36 anos e 2 meses
  • ETF atrelado ao Ibovespa: 41 anos e 2 meses
  • ETF atrelado ao S&P 500: 27 anos e 11 meses

O cálculo levou em conta a rentabilidade média dos investimentos analisados registrada no período entre janeiro de 2023 e julho de 2025.

Os números também consideram a inflação média no período, para que o resultado seja um provável rendimento real dos investimentos. “A gente precisa descontar a inflação, porque R$ 500 mil hoje não vão valer o mesmo que R$ 500 mil no futuro. Esse dinheiro vai ser depreciado pela inflação. Então é importante a gente fazer esse desconto”, explica Neto.

Como demonstra a lista acima, o ETF atrelado ao S&P 500 seria o caminho mais rápido para atingir a meta. Já o investimento no CDB 100% do CDI demoraria um período mais longo para atingir o objetivo.

Entenda os investimentos

CDB com rentabilidade de 100% do CDI

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um título de renda fixa emitido por bancos para captar recursos. Ao investir em um CDB, você está, na prática, emprestando dinheiro para a instituição financeira em troca de uma remuneração.

A rentabilidade de “100% do CDI” significa que o seu dinheiro renderá exatamente a mesma variação do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a principal taxa de referência para investimentos de renda fixa no Brasil e acompanha de perto a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. No período utilizado nos cálculos, sua rentabilidade média foi de 11,22% ao ano (0,89% ao mês).

Este tipo de investimento é considerado um dos mais seguros e conservadores do mercado. Além da segurança oferecida pelo banco emissor, conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para valores de até R$ 250 mil por CPF por instituição, o que garante a devolução do seu dinheiro em caso de quebra do banco.

Tesouro Direto IPCA + 6,5%

O Tesouro IPCA+ é um título público federal, ou seja, funciona como um empréstimo ao Tesouro Nacional. Trata-se de uma das aplicações mais seguras do mercado, justamente pela garantia do Tesouro Nacional.

Sua rentabilidade é híbrida: uma taxa de juros fixa (neste exemplo, 6,5% ao ano) somada à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial da inflação no Brasil. Dessa forma, o rendimento real (acima da inflação) é a taxa prefixada, que no caso é de 6,5% ao ano (0,53% ao mês).

É importante notar que, se o investidor vender o título antes do vencimento, o preço estará sujeito à marcação a mercado, podendo gerar ganhos ou perdas. No entanto, se o título for mantido até a data final, a rentabilidade contratada (inflação + 6,5%) é garantida.

ETF atrelado ao Ibovespa

Um ETF (Exchange Traded Fund), também conhecido como Fundo de Índice, é um fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma única ação. Tem como característica replicar um índice, ao contrário dos fundos tradicionais que buscam superar um indicador.

O Ibovespa é o principal índice de ações do Brasil, composto pelas empresas mais negociadas na bolsa. Ao comprar uma cota de um ETF atrelado a ele, como o BOVA11, o investidor está investindo em todas as ações que compõem o índice, sem precisar comprá-las individualmente. Seu rendimento será, portanto, próximo ao do Ibovespa. Entre 2023 e julho de 2025, o retorno médio do índice foi de 11,34% ao ano (0,90% ao mês).

Diferente dos CDBs e dos títulos do Tesouro Direto, este ETF é um investimento de renda variável, ou seja, pode acarretar perdas no tempo a depender do momento do resgate. Além disso, pode ocorrer o “tracking error”, uma pequena defasagem entre a rentabilidade do fundo e a do seu índice de referência.

ETF atrelado ao S&P 500

Similar ao ETF de Ibovespa, este ETF permite que o investidor brasileiro se exponha ao desempenho do mercado de ações dos Estados Unidos. Principal índice da bolsa de Nova Iorque, o S&P 500 tem em sua carteira as 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA, como Apple, Microsoft, Amazon e Google.

Alguns exemplos de ETFs atrelados ao S&P 500 listados na bolsa de valores brasileira são o IVVB11 e o SPXI11. No período considerado pelos cálculos, a rentabilidade média do índice foi de 16,40% ao ano (1,27% ao mês).

Por se tratar de um investimento relacionado ao mercado de ações, este ETF também conta com altos riscos. Quedas no mercado acionário ou no setor específico resultarão em perdas. Por se tratar de uma aplicação no exterior, há também o risco cambial, onde uma desvalorização da moeda estrangeira (como o dólar) frente ao real pode impactar negativamente o retorno, mesmo que o índice internacional suba.

A importância da reserva de emergência

Antes de optar por investimentos de renda variável como os ETFs ou até de aplicações com prazo para resgate como os CDBs e o Tesouro Direto, construir uma reserva de emergência é fundamental. Trata-se de uma quantia em dinheiro com valor equivalente a no mínimo seis meses das suas despesas mensais.

Com esta quantia em uma aplicação com resgate fácil, você se protege contra imprevistos que, de outro modo, forçariam um resgate antecipado dos seus outros investimentos, com possíveis perdas de parte do valor investido.

Sem uma reserva de emergência, qualquer necessidade urgente de dinheiro poderia forçar o investidor a resgatar seu investimento antecipadamente ou em um momento desfavorável, realizando perdas e comprometendo toda a sua estratégia de longo prazo.

Portanto, a reserva de emergência não apenas protege o investidor de imprevistos, mas também protege os próprios investimentos. Saiba neste link como fazer a sua.