04/04/2007 - 7:00
Nem o cenário paradisíaco das praias do Rio de Janeiro causa tanta euforia para uma asset quanto as turbulências enfrentadas pelas bolsas de valores mundiais. Da janela do quarto andar do Edifício Brasif, no Leblon, o mar calmo é a antítese do clima vivido dentro da gestora de fundos de investimento. Célio Afonso, vice-presidente da Meta Asset Management, não reclama. Agradece o atual momento do sobe-e-desce da renda variável. Quando desligou-se, em 2003, da BMG Asset ? da qual era sócio-responsável ?, Afonso queria criar uma gestora para trabalhar com a volatilidade do mercado de capitais. Era início de 2004, e a bolsa brasileira entrava no terceiro ano de calmaria e bons retornos para o investidor. Esse ambiente não interessava ao negócio que Afonso buscava montar. ?A Meta foi constituída para o momento atual de maior risco nos mercados?, diz ele. Um outro fato recente tirou a gestora de um tranqüilo semi-anonimato. Empresa do Grupo Brasif, controlado pelo empresário Jonas Barcellos, ela teve seus cofres recheados após a venda das lojas Duty Free, no ano passado, ao fundo americano Advent e à empresa suíça Dufry. Parte dos R$ 500 milhões arrecadados no negócio engordou as carteiras sob a resposabilidade de Afonso.
Acreditar na turbulência do mercado não significa que a gestora está pessimista. ?A baixa volatilidade dos últimos anos não se repetirá?, acredita Alexandre Horstmann, economista-chefe. É justamente por acreditar que nesses cenários a inteligência dos analistas faz a diferença que a Meta criava produtos de risco elevado. O primeiro fundo lançado, em maio de 2004, foi um multimercado com renda variável e alavancagem para investidores com R$ 50 mil de investimento inicial. Era uma ousadia para investidores que se aproveitavam da boa rentabilidade de investimentos com risco e retorno atrativos, como a renda fixa. A Meta, no entanto, persistiu enquanto a bolsa teimava em ter pouca oscilação. Lançou outros quatro fundos, todos ousados. ?O projeto inicial desprezava fundos conservadores?, esclarece Afonso. Os cinco anos de relativo sossego na bolsa, por incrível que pareça, poderiam desestabilizar o barco da Meta. Afonso encontrou no Grupo Brasif um parceiro com os mesmos objetivos. ?O objetivo não era só gerir recursos da Brasif, mas sim ser mais uma unidade geradora de recursos para o grupo?, conta ele. Hoje são R$ 500 milhões sob gestão da Meta, sendo apenas R$ 200 milhões do Grupo Brasif, empresa com diversos investimentos nos segmentos agrícola e de grande maquinário. Até o final deste ano a Meta Asset quer gerir R$ 900 milhões. Para dar esse salto na carteira de investimentos, a gestora estuda criar fundos de private equity e de recebíveis. No private equity a Meta disputará mercado com grandes fundos estrangeiros que estão investindo no País ? um deles, inclusive, é o Advent, que participou da abertura de capital da Duty Free.
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US$ 500 milhões é o tamanho da carteira da gestora do Grupo Brasil |