Há cerca de dois anos, o Banco Master deu início a uma série de investimentos em estruturas de compliance e gestão de riscos cuja finalidade é aprimorar seus processos de governança corporativa. As medidas contribuíram para a melhoria do dia a dia administrativo da instituição, tornaram-na mais transparente e influíram positivamente em seu desempenho econômico-financeiro.

Uma das consequências pôde ser aquilatada no começo de outubro, quando a agência de classificação de risco Fitch elevou os Ratings Nacionais de Longo Prazo do Banco Master em dois níveis, de ‘BBB(bra)’/Perspectiva Positiva para ‘A-(bra)’/Perspectiva Estável. Segundo a Fitch, a melhora reflete a expansão estratégica e as aquisições do Banco Master, uma vez que continuaram a sustentar o crescimento da receita e o perfil de negócios da instituição financeira.

“A elevação também considera a estabilização do perfil financeiro do Banco Master, com níveis consistentes de liquidez e rentabilidade, qualidade de ativos razoável e níveis de capital estáveis em relação aos seus pares”, anotou a Fitch. Dessa forma, o banco qualifica-se para ficar em patamar equivalente ao de grandes instituições financeiras brasileiras e se torna atraente para receber recursos de grandes fundos estrangeiros.

Segundo Luiz Antônio Bull, diretor do Banco Master, a empresa sempre considerou que as diretrizes de governança eram essenciais. “Partimos do pressuposto de que todo processo decisório é colegiado, baseado em regras que respeitam atos regulatórios e disciplinas internas criadas tendo em mente a tomada de risco”, diz o executivo.

Integra essa estratégia a criação, em 2023, de um conselho consultivo, formado por nomes respeitados do mercado financeiro, como os ex-presidentes do Banco Central Henrique Meirelles e Gustavo Loyolla e o ex-diretor do BC Geraldo Magella. Em 2024, também foi instituído um Comitê de Auditoria, coordenado por Erich Schumann, CEO da Global Atlantic Partners LLC, empresa com sede em Boston, nos Estados Unidos. Ele é professor adjunto da Brandeis University, no campo de governança e ética. Schumann é alemão e trabalhou no Banco de Boston, ao lado de Henrique Meirelles, na década de 1990, no Brasil e em Nova York.

“O sistema financeiro brasileiro tem seus desafios, com um alto nível de concentração de mercado em quatro a cinco instituições”, avalia Schumann. “Isso é complicado porque os bancos que têm poder não querem abrir mão dele. Mas o que gosto no Brasil é que existe muita criatividade. Conheço muito bem o sistema alemão, porque sou alemão, o sistema americano, porque trabalhei mais de 20 anos em instituições financeiras nos Estados Unidos, e a América Latina, e acho que os bancos menores aqui no Brasil tendem a ganhar muito espaço, construindo um negócio competitivo, com eficiência e agilidade.”

De acordo com Schumann, o conceito de governança que vem sendo fortalecido no Master deve levar em conta o interesse de todos os atores do mercado, incluindo colaboradores e clientes. “Isso significa entender profundamente a estratégia da empresa, os riscos relacionados à atividade e como mitigá-los, ao mesmo tempo em que definimos quanto de risco desejamos correr, e estabelecemos o chamado RAS — o “risk apetite statement”, o documento que define esses parâmetros e como alcançá-los.”

O Master subiu de S4 para S3 em 2023, na escala do Banco Central. Isso adicionou uma série de mudanças para atender às novas demandas regulatórias. Conforme Geraldo Magella, conselheiro do banco, garantir que a visão do regulador esteja contemplada nos processos de governança também é essencial, pois viabiliza os negócios e permite que as decisões sejam tomadas de forma colegiada, com segurança regulatória e transparência.

“Nosso lema hoje é viabilizar negócios com segurança regulatória. E para isso temos reforçado as chamadas ‘linhas de defesa’”, afirma Magella. Trata-se de uma prática recomendada por organismos reguladores que auxilia as instituições financeiras a manter uma estrutura robusta de governança e controle. O conceito consiste em três linhas:
● A 1ª linha faz a gestão dos riscos no nível operacional, controlando processos diretamente no ambiente de negócios, promovendo a conformidade e eficiência.
● A 2ª linha faz monitoramento e suporte por meio de políticas e controles.
● A 3ª linha conta com avaliação e revisão de membros independentes.

“Estamos estruturando um novo plano de governança que busca atender tudo o que o BC exige em seus guias de práticas de supervisão. Toda a área de governança está sendo formatada nesses parâmetros”, diz Magella.

São esforços que consubstanciam o expressivo crescimento do Banco Master nos últimos anos, como se constata na evolução de seu patrimônio líquido (PL), que passou de R$ 30 milhões, em 2018, para R$ 5 bilhões em 2024. A meta é dobrar o PL para R$ 10 bilhões até 2026. Em 2023, o Banco Master teve lucro de R$ 532 milhões, 152% acima do resultado de 2022. O balanço foi auditado pela KPMG.