O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) divulgou um relatório mostrando que 95% das empresas que investiram em inteligência artificial (IA) neste ano não registraram retorno na receita.

Os dados foram reunidos janeiro e junho de 2025, após entrevistas com mais de 150 líderes e executivos, incluindo CEOs e diretores de TI.

Segundo o estudo, as companhias consultadas investiram entre 30 e 40 bilhões de dólares em IA generativa, mas apenas 2 dos 9 setores analisados mostraram mudanças estruturais significativas: tecnologia e telecomunicações.

Alta adoção, baixa transformação

Apesar de 80% das organizações adotarem ferramentas básicas, o levantamento apontou que, na maioria dos casos, elas só se mostram úteis para aumentar o desempenho pessoal dos colaboradores, gerando zero impacto no demonstrativo de lucros.

A pesquisa afirma que o motivo da discrepância se dá por conta das limitações das ferramentas de IA generativa populares, como o ChatGPT e Gemini.

“As empresas ainda usam IA generativa de forma desorganizada e individual. Elas otimizam suas tarefas, mas isso não se traduz em impacto financeiro porque processos inteiros não foram repensados”, explica Vitor Elman, copresidente da Agência Cappuccino e membro do comitê de IA da IAB Brasil, à IstoÉ Dinheiro

Organizações que demonstram rentabilidade são as que desenvolvem sistemas flexíveis, que se integram ao fluxo de trabalho e aprendem com o feedback do usuário.

Dúvidas em Wall Street

As crescentes dúvidas sobre o boom da inteligência artificial tem afetado as ações das Big Techs.

Após a divulgação do relatório, as ações da NVidia chegaram a registrar queda de 0,33% na quinta-feira, 21. Outras empresas de semicondutores também seguiram pressionadas, como a Advanced Micro Devices e a Palantir, gigante de dados que cedeu 1,10%, após afundar 9,35% na quarta-feira, 20.

Até mesmo o CEO da OpenAI, Sam Altman, alertou investidores sobre uma possível ‘bolha da IA’

“Eu acredito que alguns investidores perderão muito dinheiro e eu não quero minimizar esse impacto. É uma droga”, disse ao Financial Times

Impacto no mercado de trabalho

A pesquisa do instituto também abordou uma das grandes preocupações do mundo corporativo moderno: o impacto na força de trabalho.

“Mais de 80% dos executivos ouvidos estão antecipando a redução do volume de contratações na área de tecnologia e mídia nos próximos 24 meses”, afirma o relatório.

Mas enquanto muitos se preocupam com demissões em massa, os dados mostram que o cenário mais provável envolve o deslocamento de funções, além da necessidade de proficiência em IA para ser contratado.