A posentadoria é uma fase que exige planejamento. Isso porque a média salarial do brasileiro aposentado é de R$ 1.789,23 por mês, segundo dados do último Informe da Previdência Social. O valor está pouco acima do salário mínimo, o que pode deixar o brasileiro de menor renda preocupado com as futuras despesas com saúde, alimentação ou aluguéis. Já quem possui maior renda também deve se precaver, pois o teto do INSS é de R$ 7.507,49 – e manter o padrão de vida depois de aposentado pode ser uma tarefa árdua para quem não se programou.

Com o intuito de facilitar esse planejamento, o Tesouro Nacional e a B3 lançaram o Tesouro RendA+ Aposentadoria Extra. O título público de previdência paga atualmente em média 6,3% ao ano mais a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O aporte mínimo é de R$ 30 no Tesouro Direto, o programa de compra e venda de títulos públicos federais pela internet. Na quase totalidade das plataformas de investimento, a taxa de administração cobrada é zero, e a B3 cobra um valor de custódia entre 0,1% (20 anos), 0,2% ao ano (de 10 a 20 anos) e 0,5% ao ano na venda antecipada dos papéis em até 10 anos de permanência. Após o vencimento, a taxa de custódia também é zero. Além disso, o investidor terá que pagar o Imposto de Renda (IR) sobre ganhos de capital, cuja alíquota varia de acordo com o tempo de permanência. Se o resgate for realizado em até 180 dias, a taxação é de 22,5%, de 181 a 360 dias (20%), entre 361 até 720 dias (17,5%), e só após 720 dias (dois anos), a alíquota do IR recua para 15%.

Segundo o Tesouro, a nova modalidade de investimento possui duas fases, a acumulativa e de recebimento. A primeira etapa é o tempo que o título vai render a taxa real mais IPCA. O investidor possui vários vencimentos até encerrar essa fase, que vão de 2030 até 2065. Após a fase acumulativa, a pessoa física recebe o dinheiro em 240 meses – equivalente a 20 anos. Durante o período de recebimento, o patrimônio construído continua sendo atualizado pela inflação, até a parcela 240.

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“Se todo o capital estiver consolidado, o RendA+ é excelente, pois a rentabilidade atual é perfeita” Nélio Costa Head da Nord Research.

Para o head de Planejamento Financeiro da Nord Research, Nélio Costa, um ponto positivo é que o risco é praticamente zero, por ser um título do governo. “Se o País quebrar, o mais comum é a impressão de moeda, que gera inflação, mas o título tem proteção contra a inflação o tempo todo”.

MOMENTO Analistas consultados pela DINHEIRO alertam que a rentabilidade média – hoje de 6,3% mais IPCA – pode mudar para um valor menor caso a taxa básica de juros da economia (Selic) recue no futuro. Segundo o analista de investimentos da Rico Antônio Sanches é possível que a taxa do RendA+ diminua nos próximos dez anos. “O título pode sair de IPCA mais 6% para IPCA mais 3%”, disse. “Claro que o dinheiro investido hoje vai render os 6% até o final do título, mas o investidor deve entender que o valor aportado em 2033 terá outra rentabilidade “, afirmou.

De acordo com o especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú, Martin Iglesias, se em algum momento no futuro o RendA+ pagar somente 2% de juros reais, a Bolsa de Valores vai estar indo bem. “Nesse cenário, os juros devem estar baixos e o Ibovespa bombando, por isso, o ideal é também optar pelos planos de previdência PGBL e VGBL, eles podem ser uma boa alternativa, principalmente os que possuem exposição em ações”, afirmou. O Itaú oferece tanto o Tesouro Direto como planos de previdência em sua plataforma.

O segundo ponto ruim é a tributação. Para Iglesias, o fato de o título do Tesouro descontar os 15% do IR sobre o lucro no longo prazo é desvantajoso. “O título rende de forma líquida IPCA + 4,77%”, disse. Já os planos PGBL possuem abatimento de até 12% no IR da renda bruta e o VGBL possibilita a tabela regressiva, que permite pagar a alíquota mínima sobre a renda, de 10%, a partir de dez anos de permanência no investimento.

Por fim, para o head de planejamento financeiro da Nord Research Nélio Costa, o único caso recomendado para o investidor colocar todo o seu dinheiro no RendA+ é se ele já está com o patrimônio consolidado. “Se todo o capital estiver consolidado e não houver novos aportes no longo prazo, o RendA+ é excelente, pois a rentabilidade atual é perfeita”, disse. “No entanto, se não existir patrimônio ou se ele está em construção, é melhor diversificar, pois essa é a maior arma do investidor que quer aumentar sua aposentadoria”, afirmou.