Após o Congresso derrubar o decreto do governo que alterava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o imposto cobrado sobre operações de câmbio e crédito retorna ao patamar que vigorou até maio. Para os turistas com viagem planejada ao exterior, algumas opções para compra de dólar e gastos fora do país voltam a ficar mais baratas do que outras.

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O decreto que foi derrubado havia nivelado o IOF de todas as operações de câmbio em 3,50%. Agora, compra de dinheiro em espécie, cartão habilitado para uso no exterior e contas internacionais voltam a ser taxadas com diferentes alíquotas. Veja quadro abaixo:

Como fica o IOF

ModalidadeIOF
Compra da moeda em espécie1,10%
Cartão de crédito/débito habilitado para uso no exterior3,38%
Cartão pré-pago3,38%
Remessa para conta ao exterior de mesma titularidade1,10%
Remessa para conta ao exterior de outra titularidade0,38%

Qual a opção mais vantajosa para comprar dólar?

O dólar comercial à vista fechou em queda de 1,06% ante o real nesta quinta-feira, 26, cotado a R$ 5,4984. No mês, a divisa acumula queda de 3,88% e, no ano, recuo de 11,01%. Veja cotações.

As casas de câmbio costumam usar o dólar turismo, que é mais caro, nas vendas em moeda em espécie. Já nas transições via cartão, o dólar comercial costuma ser o mais usado.

“Em transações internacionais, prefira moeda em espécie ou contas digitais globais, pois o custo tributário é significativamente menor — quase três vezes inferior em relação ao cartão”, aconselha o planejador financeiro e especialista em investimentos Jeff Patzlaff.

Como demonstrado na tabela, o IOF definido para compra de dólar em espécie ou para transferência de dinheiro  a uma conta própria no exterior é de 1,01%. Já ao optar por um cartão pré-pago ou usar um cartão de crédito ou débito habilitado para uso no exterior, será necessário pagar 3,38%.

“Diversifique a forma de aquisição de dólar (parte em espécie, parte em conta digital) e realize bons planejamentos para viagens ao exterior”, recomenda Patzlaff.

Outros fatores além dos impostos também impactam o custo do câmbio. “Ele tem que avaliar qual é o spread, que é a taxa na conversão da moeda que cada instituição cobra”, afirma Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Patzlaff acrescenta que os cartões para uso no exterior podem cobrar ainda tarifas por saque, conversão ou manutenção.

Por fim, as oscilações de câmbio seguem e exigem sempre planejamento antes da sua viagem. “Faça a estratégia do preço médio que isso pode ser mais vantajoso para programar compras ou turismo”, diz Patzlaff. A tática consiste em comprar dólar aos poucos, ao longo de um período espaçado, para dissolver as vacilações em um valor “médio”.

O IOF pode mudar de novo?

“Com essa derrubada do decreto do IOF, o governo vai ter que buscar alternativas para compensar a perda de um cálculo que havia feito de receitas de aproximadamente R$ 10 bilhões de reais”, explica Carlos Castro.

Assim, apesar do cenário tributário aparentar estabilidade, outras novidades podem surgir em breve.

“Há risco de judicialização: o governo poderia questionar a legitimidade do PDL [Projeto de Decreto Legislativo que derrubou a medida do governo], embora isso gere desgaste e provável impasse político”, complementa Patzlaff.

Todavia, o governo pode optar por outras formas de aumentar suas receitas. “Podem surgir ajustes em outros impostos, como já foi sinalizado, IR sobre investimentos, tributação sobre fintechs e apostas”, diz Patzlaff.

“Medidas tributárias futuras podem recair sobre outros setores, dada a sensibilidade política em torno desse tema. Por isso, o cenário atual favorece viajantes e investidores de câmbio com menores encargos tributários nas operações, especialmente via câmbio físico e contas digitais”, conclui Patzlaff.