26/08/2025 - 9:04
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é a prévia da inflação oficial do país, caiu 0,14% em agosto, após registrar 0,33% em julho. Trata-se da primeira deflação desde julho de 2023 (-0,07%).
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,26%. Em 12 meses, ficou em 4,95%, abaixo dos 5,30% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
+ Focus: mercado reduz projeção para a inflação em 2025 pela 13ª semana seguida
+ PlatôBR: queda do dólar e desaceleração econômica reduzem projeções
A deflação já era esperada pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de queda de 0,19% no mês e alta de 4,91% em 12 meses.
O que puxou a queda
Segundo o IBGE, o IPCA-15 de agosto foi influenciado principalmente pela queda no preço da energia elétrica residencial (-4,93%), subitem que exerceu o impacto mais intenso na taxa mensal (-0,20 ponto percentual).
A queda do preço da conta de luz se deu em decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto. Vale ressaltar que, em agosto, está em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 na conta e luz a cada 100 Kwh consumidos.
Os três grupos de maior peso no índice registraram deflação na passagem de julho para agosto: Habitação (-1,13%), Alimentação e bebidas (-0,53%) e Transportes (-0,47%).
Entre os alimentos, destaque para a queda nos preços da manga (-20,99%), da batata-inglesa (-18,77%), da cebola (-13,83%), do tomate (-7,71%), do arroz (-3,12%) e das carnes (-0,94%).
No grupo Transportes, a deflação foi foi impulsionada pelas quedas nas passagens aéreas (-2,59%) e nos combustíveis: gasolina (-1,14%), óleo diesel (-0,20%), o gás veicular (-0,25%) e o etanol (-1,98%).
Inflação ainda acima da meta
O centro da meta oficial para a inflação no ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A expectativa atual do mercado para a alta do IPCA está em 4,86% em 2025 e em 4,33% em 2026, segundo o último Boletim Focus.
“As implicações por enquanto são pequenas frente à nossa projeção, mas para agentes que se apoiavam na desinflação corrente com ritmo superior ao esperado para justificar uma antecipação no ciclo baixista da Selic”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
No final de julho, o Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta nos juros básicos ao manter a Selic em 15% ao ano, mas ressaltou que antecipa a manutenção da taxa nesse patamar por período “bastante prolongado”.
“Apesar do bom resultado no índice cheio, o qualitativo não foi tão positivo. O núcleo da inflação parece estagnado em 0,3%, registrando tal variação pelo terceiro mês consecutivo, em um patamar que é inconsistente com a meta de 3%. Além disso, tivemos uma retomada na inflação de serviços, que avançou 0,5%”, destacou André Valério, economista sênior do Inter.
Com informações da Reuters