12/03/2024 - 11:26
A alta de 0,83% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro de 2024 foi o resultado mais elevado desde fevereiro de 2023, quando ficou em 0,84%. Com isso, analistas do mercado financeiro estão menos otimistas quanto a continuidade de cortes seguidos de 0,50% na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,25% ao ano.
+IPCA é o maior desde fevereiro de 2023, mas o mais baixo para o mês desde 2020
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Ainda que elevado para meses de fevereiro, o IPCA do mês passado representou a taxa foi a mais branda desde 2020, quando houve elevação de 0,25%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro de 2024, o indicador subiu 0,42%.
Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses arrefeceu pelo quinto mês consecutivo, passando de 4,51% em janeiro para 4,50% em fevereiro.
A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3%, com teto de tolerância de 4,50%.
Analistas preveem mudança no comunicado do Copom sobre tendência
Para o economista André Perfeito, diante do resultado do IPCA, o Banco Central deve iniciar já nas próximas reuniões a desobrigação do chamado guidance em seus comunicados. Ou seja, não irá mais garantir novos cortes de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será realizada no dia 20 de março.
“Isso reforça mais uma vez meu cenário de Selic acima das expectativas do mercado ao final do ciclo. Enquanto o mercado projeta uma taxa básica de 9% ao final do ano, eu creio que encerre os 12 meses de 2024 em 9,75%”,diz.
Para o economista chefe do Banco Master, Paulo Gala, a divulgação do IPCA de fevereiro mostra sinais bons e ruins. Na sua avaliação, a boa notícia do índice está nos serviços adjacentes, que subiram 0,44% em fevereiro, contra uma alta de 0,76% em janeiro.
“A outra é que a difusão caiu de 65%, em janeiro, para 57% agora. Os núcleos do indicador aumentaram, mas há aí também o fator sazonalidade. Tradicionalmente no Brasil, os primeiros meses do ano são caracterizados por maior inflação”, comenta.
Com a aceleração do IPCA, Gala crê que o Banco Central possa iniciar um processo de arrefecimento na queda dos juros ou ao menos mudar a sua comunicação sobre a tendência de magnitude dos cortes.
“Realmente o IPCA veio pior do que se imaginava. Ao considerarmos que a meta de inflação no ano está na casa dos 3%, e com o aumento de fevereiro já chega a 1,25%, os players do mercado já ligam um alerta para entender se, de fato, a meta será alcançada”, complementa.
Já economista para o Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, acredita que o Banco Central siga com os cortes de meio porcento na taxa Selic. Para ela, mesmo com a maior alta para um mês desde o ano passado, a inflação oficial surpreendeu de maneira positiva por conta de alguns setores específicos como, por exemplo, serviços.
“O mercado estava olhando atentamente para o setor de serviços, que veio para baixo, inclusive abaixo do que o mercado esperava. A mediana divulgada era de 0,55% e o indicador de serviços veio abaixo disso, o que traz um certo alívio para as próximas avaliações”, diz Laiz.