O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho registrou 0,12%, indicando alta em relação ao mês anterior, quando o país celebrou cenário de deflação com – 0,08%. O acumulado dos últimos 12 meses é de 3,99%, contra os 3,16% registrados em junho, conforme anunciou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 11.

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  • Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada pelos índices de preços, chamados de índices de inflação.
  • O IBGE produz dois dos mais importantes índices de preços: o IPCA, considerado o oficial pelo governo federal, e o INPC.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta em julho. O maior impacto (0,31 p.p) e a maior variação (1,50%) vieram de Transportes. No lado das quedas, destacam-se os grupos Habitação (-1,01% e -0,16 p.p.) e Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o -0,24% de Vestuário e o 0,38% de Despesas pessoais.

Apesar de não seguir a trajetória de deflação conforme junho, o momento não é de más notícias, segundo especialistas. “Pode-se esperar assim uma inflação sob controle para os próximos meses”, afirma Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ.

“Há série de contratos que vencem no 2º semestre e que formam o núcleo da inflação. Ao comparar um índice positivo nos próximos meses, por menor que seja, está substituindo um índice negativo de agosto, setembro e outubro do ano passado, quando o governo fez uma intervenção no combustíveis para diminuir o preço”, acrescenta o professor.

Marco Rocha, economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, explica que o cenário de deflação deve diminuir, porque ainda isso ocorre por efeitos de uma série de queda de preços internacionais desde o ano passado, e também queda de preços nacionais, e isso não deve ocorrer nos próximos meses.

“Em compensação, vemos uma retração de preços em energia e alimentos, o que pesou na composição da queda inflacionária. Mas vale salientar que o cenário internacional é bastante incerto, e complicado sobretudo quando olhamos a situação da Ucrânia, tendo choque de preço de agrícolas e energia”, avalia. 

“Não há perspectiva de deflação no acumulado, mas de correção de preços e estabilização da inflação num certo patamar. É um cenário tranquilo, que justifica cortes da taxa de juros, e que não promete aceleração de preços em curto e médio prazo”, acrescenta Rocha.

Dois fatores são os responsáveis por esse cenário de deflação anterior, segundo Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica da Fundação Getúlio Vargas. “Uma redução significativa no preço de commodities e de insumos, de maneira geral. O mercado internacional registrou queda no preço de soja, de milho, de trigo, de minério de ferro e, internamente, tivemos uma super safra de grãos que também ajudaram para que fosse barateado o preço de insumos”, explica.

Para ele, a taxa Selic, anteriormente a 13,75% ao ano, também teve seus efeitos. “Ou seja, ajudou a que o consumo fosse um tanto retraído e, por força disso, outros itens do orçamento familiar sofressem redução, principalmente no que diz respeito ao setor de serviços”, completa, citando o Comitê de Política Monetária, que baixou a taxa de juros para 13,25% na última reunião.

Para os próximos meses se espera ainda resultados mensais muito baixos, provavelmente um acumulado de 12 meses em alta, considerando uma redução no grupo transportes por força da queda dos combustíveis em 2022 – e isso não vai se repetir esse ano.

“[Em 2022] tivemos retração mensal em agosto, setembro e outubro, por força da redução nos impostos que incidiam sobre combustíveis e sobre energia elétrica. Não se espera uma deflação para esses meses, mas sim uma inflação mensal muito baixa, fechando o ano em entre 4,8% e 5%”, finaliza Rochlin.

Serviços adjacentes

A projeção da XP para a média de serviços adjacentes era de 0,27%. “Essa leitura é benigna, uma vez que a inflação de serviços tem desacelerado em menor velocidade, o que é um dos pontos do balanço de risco do Copom”, explica André Meirelles, Diretor de Alocação & Distribuição da InvestSmart XP.

“O grande destaque está em serviços subjacentes (que exclui itens mais voláteis como hotéis, passagens aéreas, entre outros), que desacelerou bem, veio com uma aceleração de +0,19% em julho, contra os +0,67% em junho. Podemos perceber que com essa desaceleração em serviços subjacentes, o mercado deve pressionar ainda mais a curva de juros futuro, provocando novas quedas”, prevê o especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, André Fernandes.