O Ibovespa sobe praticamente desde a abertura nesta terça-feira, 11, e saltou da marca inicial dos 125 mil pontos para os 126 mil pontos, apesar do recuo dos índices futuros de ações norte-americanos e da queda de 1,10% do minério de ferro hoje, em Dalian. Entram como fatores positivos a valorização em torno de 1,60% do petróleo e a taxa de inflação brasileira de janeiro em linha com o esperado.

“O IPCA de janeiro é um dado bom pois não traz sustos”, pontua Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

Investidores e especialistas continuam repercutindo as tarifas de 25% sobre aço e alumínio mundial pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializadas ontem. Contudo, como a medida só passará a valer no dia 12 de março, dá um respiro.

“Não tem maus ventos. Na verdade, não tem ventos. Por isso o mercado opera um pouco mais tranquilo. O fato de a entrada em vigor das tarifas ter sido jogada para o mês que vem atenua um pouco as preocupações”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Neste cenário de tarifas, fica ainda mais no foco o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que participa da audiência semestral sobre política monetária no Senado dos Estados Unidos (meio-dia). É esperado algum comentário de Powell sobre os riscos das políticas tarifárias de Trump para inflação e política monetária.

As atenções ficam também na resposta que será dada pelo governo brasileiro e se haverá retaliação. Por enquanto, a diplomacia brasileira está optando pela cautela, mas há uma corrente forte que defende a reciprocidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aproveitar uma reunião marcada para hoje à tarde com ministros da Junta de Execução Orçamentária (JEO) para iniciar as conversas com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, sobre as tarifas dos EUA, segundo fontes. O Brasil será um dos mais afetados pela medida que entra em vigor no início do mês que vem.

“Trump ameaça muito, fala alto, mas recua na mesma velocidade. O mercado ainda está cético em relação à taxação efetiva do aço”, ressalta Felipe Sant Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, no sentido que é preciso aguardar.

Em meio a expectativas de uma reversão ou acordo com o Brasil, ontem o Ibovespa fechou em alta de 0,76%, aos 125.571,81 pontos.

Em meio a preocupações de uma escalada da inflação por alguns fatores como a guerra comercial, fica no foco o IPCA. O dado fechou janeiro com alta de 0,16%, ante 0,52% em dezembro, acumulando 4,56% em 12 meses, após 4,83%. O resultado ficou em linha com a mediana das estimativas na pesquisa feita pelo Projeções Broadcast (0,05% a 0,24%), mas é visto com cautela, dada a pressão em alguns itens na abertura do índice, como em serviços.

Assim, os juros futuros cedem e beneficiam algumas ações do Ibovespa mais sensíveis ao ciclo econômico, caso de Assai (3,86%).

Mesmo desta forma, Rodrigo Ashikawa, da Principal Claritas, pondera que a inflação ainda eleva de serviços, industriais e serviços subjacentes não permitem comemoração. “Não é um resultado que anima tanto”, adverte.

Também para a Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, o IPCA foi em linha, tanto o resultado em si quanto a abertura. “Fotografia de inflação pressionada, mas dentro do precificado”, diz, acrescentando que mantém projeção de alta de 1 ponto porcentual na Selic no Comitê de Política Monetária (Copom) em março e mais 0,75 ponto em maio, trazendo a taxa Selic para 15% ao ano. Hoje está em 13,25% ao ano.

Para o Itaú Unibanco, alguns itens no IPCA de janeiro mais relacionados com o ciclo econômico, seguem rodando em patamar elevado, confirmando uma leitura qualitativa ainda ruim do indicador.

Às 11h20, o Ibovespa subia 0,79% e marcava 126.591,12 pontos, vindo de máxima em 126.774,36 pontos, quando avançou 0,96% e abertura em 125.571,39 pontos, com variação zero. Na mínima atingiu 125.569,96 pontos.