O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,42% em janeiro deste ano, contra 0,56% em dezembro de 2023, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

+Na pesquisa Focus do BC, previsão para IPCA de janeiro passa de 0,39% para 0,38%

Apesar da desaceleração do indicador, há sinais de alerta para o peso dos preços dos alimentos, que registraram a maior alta para janeiro em oito anos.

Com isso, o IPCA passa a acumular em 12 meses avanço de 4,51%, abaixo da taxa de 4,62% com que encerrou 2023, quando voltou a ficar dentro do limite da faixa determinada como meta para o ano passado.

Para este ano, o centra da meta para a inflação, medida pelo IPCA, é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os resultados ainda ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,34% no mês e de 4,42% em 12 meses.

Depois de se acomodar em patamares mais baixos em 2023, o IPCA iniciou o ano sob pressão dos preços de Alimentação e Bebidas, que tem forte peso no orçamento das famílias.

A inflação desse grupo acelerou a 1,38% em janeiro, de 1,11% em dezembro, marcando a maior alta para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).

“O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.

A alimentação no domicílio ficou 1,81% mais cara em janeiro, influenciada sobretudo pelo avanço nos preços da cenoura (43,85%), da batata-inglesa (29,45%), do feijão-carioca (9,70%), do arroz (6,39%) e das frutas (5,07%).

“Historicamente, há uma alta dos alimentos nos meses de verão em razão dos fatores climáticos, que afetam a produção, em especial, dos alimentos in natura, como os tubérculos, as raízes, as hortaliças e as frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, completou Almeida.

Por outro lado, o grupo Transportes registrou deflação de 0,65% no período, após alta de 0,48% em dezembro, graças à queda de 15,22% das passagens aéreas após altas nos últimos quatros meses de 2023.

Também houve queda de 0,39% nos preços dos combustíveis, com recuos do etanol (-1,55%), do óleo diesel (-1,00%) e da gasolina (-0,31%).

O resultado das passagens aéreas ajudou a inflação de serviços a registrar avanço de apenas 0,02% em janeiro, desacelerando com força ante alta de 0,60% em dezembro. Esse item, no entanto, é considerado bastante volátil.

O dado de serviços — principalmente o núcleo, que elimina itens voláteis como as passagens áreas– é acompanhado de perto pelo Banco Central para a condução da política monetária, em um ambiente de mercado de trabalho resiliente que tende a elever os gastos dos consumidores.

Na semana passada, o BC deu seguimento a seu afrouxamento monetário com o quinto corte seguido de 0,5 ponto percentual na taxa básica Selic, levando-a a 11,25% ao ano.

O BC ainda avaliou, na ata dessa reunião, que o cenário doméstico tem evoluído como o esperado pela autoridade monetária, com um progresso desinflacionário relevante.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, manteve-se em janeiro em 65%

Pesquisa Focus mais recente divulgada pelo Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 3,81%.