É preciso admitir que a dupla Jair Bolsonaro-Paulo Guedes terá mérito em uma missão: a de entregar uma economia padrão governo Dilma Rousseff.

Pelo quinto mês consecutivo a inflação em 12 meses fecha acima dos dois dígitos. Em janeiro, o IPCA ficou em 0,54%, a maior alta para o mês desde 2016.

Apesar de estar em linha com expectativas do mercado, foi suficiente para fazer o índice anual acumular 10,38%. A meta para 2022 é inflação de 3,5%, podendo variar 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. No caso de janeiro, o resultado foi puxado pela alta dos preços (1,11%) de Alimentos & Bebidas.

A irresponsabilidade fiscal do governo tem feito suar o comando do Banco Central (BC), que já elevou a Selic para 10,75% na tentativa de segurar os preços. A taxa básica de juro deverá ter novo acréscimo na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 15 e 16 de março.

NOVO PARTIDO
Nasce o União Brasil

Foi aprovada na terça-feira (8) a criação de mais uma legenda na salada partidária tropical. Foi batizada como União Brasil — nome mais adequado a time de futebol de várzea. Não vai mudar nada, nem levar o País a lugar algum. Trata-se apenas de criar conveniências para os mesmos nomes de sempre. Quem se junta? De um lado, o PSL (agremiação nanica que foi catapultada à fama na eleição de Jair Bolsonaro e hoje tem 55 deputados, a maior representatividade na Câmara). De outro lado, o DEM (26 deputados federais), cujo DNA carrega finados como Arena, PDS e PFL. A junção fará o União Brasil ter 81 parlamentares, todos de centro-direita e direita, ficando muito à frente do PT (53 deputados), segunda maior bancada da Casa. Mas a união já nascerá com separação de bens, porque a parte bolsonarista-raiz dos parlamentares do PSL cairá fora: o partido é comandado por Luciano Bivar, que se tornou desafeto do presidente. No tamanho atual, o União Brasil administraria este ano quase R$ 1 bilhão entre dinheiro do fundo eleitoral e do fundo partidário. Mas a prevista debandada pode levar pelo menos duas dezenas de parlamentares para o PL, que se tornaria assim o maior partido da Câmara, saindo de 46 deputados.

CRISE NA EUROPA
Macron assume papel de Angela Merkel

 

Faz falta uma liderança da qualidade e do talento da centro-direita Angela Merkel, ex-chanceler alemã. O francês Emmanuel Macron parece se candidatar ao posto. Como o presidente dos EUA, Joe Biden, anda mais preocupado em ampliar a fervura no continente alheio, coube ao francês o papel de conciliador. E isso fará com que saia ganhando o russo Vladimir Putin, que começa a conseguir o que quer: impedir que a Ucrânia vire um quintal militar pró-Ocidente sob a Otan. Na segunda-feira (7), Putin e Macron se encontraram em Moscou. Um dia depois, o francês visitou o presidente ucraniano, Volodomir Zelenski, e afirmou que uma crise dessas não será resolvidacom horas de conversas. “Serão dias, semanas, meses”, disse Macron.

80% Porcentual de brasileiros que desaprovam o papel de Bolsonaro no combate à inflação, segundo pesquisa Quaest. Supera de quem desaprova sua atuação contra a Covid (65%) e no combate à corrupção (62%).

SAÚDE
ANS interfere no imbróglio Amil

Divulgação

Na noite de terça-feira (8), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu se mexer e tratar do vespeiro que pode se transformar a estratégia da Amil de se desfazer de seus clientes individuais. A companhia, controlada pela gigante americana UnitedHealth Group (UHG), transferiu em janeiro sua carteira de cerca de 340 mil clientes dessa categoria para a APS, outra empresa do grupo — ao todo, a Amil tem 5,7 milhões de beneficiários, a maioria vinculada a mais de 400 mil clientes corporativos. A estratégia envolve a venda da APS pela Amil para a Fiord, empresa criada apenas no fim de 2021 e que foi turbinada com R$ 3 bilhões para ficar com a carteira que ninguém quer — clientes individuais têm seus reajustes controlados pela ANS, então as operadoras preferem atuar apenas com clientes corporativos. Uma ação triangulada para a Amil se desfazer desses clientes. A Fiord ficaria com eles, mas sem oferecer a mesma rede credenciada e portfólio de serviços. A decisão da ANS impede, por ora, que o controle da APS seja transferido da Amil a terceiros.

“A inflação é tão violenta quanto um assaltante, tão assustadora quanto um ladrão armado e tão mortal quanto um assassino” Ronald Reagan (1911-2004) ex-presidente americano

ESTADOS UNIDOS
Apreensão de US$ 4 bilhões em bitcoin

Istockphoto

Na terça-feira (8), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou ter feito a apreensão de 94.636 bitcoins — cerca de US$ 4,2 bilhões pela cotação da quarta-feira (9) às 12h. A quantia seria referente a um ataque hacker contra a corretora Bitfinex, de Hong Kong, em 2016, quando 119.754 unidades da criptomoeda foram roubadas — cerca de US$ 71 milhões à época, mas US$ 5,3 bilhões em valores de hoje. A diferença de 25 mil bitcoins entre o volume agora apreendido (94,6 mil) do que foi roubado em 2016 (119,7 mil) foi transferida por meio de milhares de transações em carteiras digitais até que terminassem nas contas em nome do casal Ilya Lichtenstein (34 anos) e Heather Morgan (31 anos). Eles foram presos acusados por tentativa de lavar os bitcoins, mas ainda não foram formalmente acusados pelo roubo. Pagaram fianças, respectivamente de US$ 5 milhões e US$ 3 milhões, para responder em liberdade. Segundo o The New York Times, a Justiça chegou até eles após obter um mandado de busca que dava acesso a arquivos criptografados na conta de armazenamento em nuvem mantida por Lichtenstein.

Infográfico: Denis Cardoso