O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,16% em março, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 10, pelo IBGE. O resultado representou uma desaceleração frente a fevereiro, quando a taxa foi de 0,83%.

A taxa acumulada em 12 meses também arrefeceu, passando de 4,5% em fevereiro para 3,93% em março.

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O resultado ficou quase no piso do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast. Eles previam um aumento entre 0,15% e 0,42%, com mediana positiva de 0,24%.

“Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.

Alimentos desaceleram alta

Dos nove grupos pesquisados, seis tiveram alta na passagem de fevereiro para março. A maior variação (0,53%) e o maior impacto (0,11 ponto percentual) vieram de Alimentação e bebidas. Na sequência, veio o grupo Saúde e cuidados pessoais (0,43% e 0,06 p.p.). No campo negativo, destaca-se a queda de Transportes (-0,33% e -0,07 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o -0,13% de Comunicação e o 0,33% de Despesas pessoais.

Embora os alimentos tenham sido mais uma vez o que mais pesou na taxa mensal, a taxa de alta veio abaixo da que havia sido registrada em fevereiro (0,95%).

“Problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentarem nos últimos meses. Em março, os preços seguem subindo, mas com menos intensidade”, destacou o pesquisador.

Já o grupo Transportes passou da alta de 0,72% em fevereiro para a queda de 0,33% em março. “Influência da passagem aérea, que já vinha de queda em fevereiro, e, da gasolina, que havia apresentado o maior impacto individual no IPCA de fevereiro e teve uma alta menor em março”, justifica André Almeida.

Segundo o IBGE, a passagem aérea registrou queda de 9,14% em março.

A inflação de serviços também desacelerou, passado de 1,06% em fevereiro para 0,10% em março.

Vilões da inflação no mês

Entre os itens que mais subiram no mês, destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%).

Os combustíveis tiveram alta de 0,17% em março. Etanol (0,55%) e gasolina (0,21%) tiveram alta, enquanto gás veicular (-2,21%) e óleo diesel (-0,73%) registraram recuo nos preços.

Nos serviços, destaque para a alta nos preços dos serviços de streaming (8,15%), cinema, teatro e concertos (5,14%) e transporte por aplicativo (2,45%).

Mercado espera inflação de 3,76% no ano

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A inflação vem sendo amplamente considerada sob controle no Brasil, com o Banco Central dando continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário.

A pesquisa semanal Focus, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostra agora expectativa de que o IPCA suba 3,76% neste ano. Um mês antes, a mediana era de 3,77%. Para 2025, foco principal da política monetária, a projeção passou de 3,51% para 3,53%.

O mercado continua projetando uma Selic em 9% ao ano ao fim de 2024. O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic pela sexta vez consecutiva em 0,50 ponto porcentual, para 10,75% ao ano em março. O colegiado mudou a sinalização e indicou que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual continua sendo o mais apropriado para a próxima reunião – no singular, e não no plural.