O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta semana vai se deparar com expectativas inflacionárias mais baixas para 2023 e 2024, conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 31. A projeção para a inflação oficial – IPCA – em 2023 voltou a recuar ante a semana anterior, de 4,90% para 4,84% – apenas 0,09 ponto porcentual acima do teto da meta deste ano (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 4,98%.

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Para 2024, foco da política monetária, a projeção baixou marginalmente, de 3,90% para 3,89%. Há um mês, era de 3,92%. A expectativa para 2025, que deve passar a ter peso minoritário nas decisões do Copom a partir desta semana, seguiu em 3,50%, contra 3,60% de quatro semanas antes. No Copom anterior, em junho, as medianas eram de 5,12%, 4,00% e 3,80% para os três anos, respectivamente.

O comitê se reúne nos dois próximos dias, com a divulgação da decisão a partir de 18h30 de quarta-feira (2). No mercado financeiro, há consenso que o comitê iniciará os cortes da taxa Selic, hoje em 13,75%, mas os economistas estão divididos sobre o ritmo que será adotado.

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, 70% (62 de 88) das instituições consultadas esperam queda de 0,25 ponto porcentual, para 13,50%, já 30% (26 de 88) projetam redução de 0,50pp, para 13,25%.

Na Focus, considerando somente as 100 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,90% para 4,83%. Para 2024, a projeção de alta cedeu de 3,90% para 3,88%, considerando 99 atualizações no período.

No horizonte mais longo, de 2026, houve manutenção na estimativa em 3,50%, repetindo o porcentual de um mês antes. No fim de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025 – o que despertou um movimento de reancoragem, especialmente em prazos mais longos. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.

As projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022, mas vem se aproximando do teto da meta (4,75%). Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.

Meses

Após a surpresa favorável com o IPCA-15 de julho (-0,07%), os economistas reduziram marginalmente a expectativa de inflação do IPCA do mês no Boletim Focus desta segunda. A mediana passou de 0,10% para 0,09%. Há um mês, a expectativa era de 0,26%.

Para o IPCA de agosto, a estimativa também cedeu ligeiramente, de 0,31% para 0,30%, contra a mediana de 0,25% um mês antes. Já para setembro, a previsão para o indicador continuou em 0,28%, de 0,29% há quatro semanas.

Inflação suavizada

Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,18% para 4,11%, de 4,18% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.

Como mostrou o Estadão Broadcast, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defende a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.