11/02/2025 - 10:14
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, desacelerou para 0,16% em janeiro, ante 0,52% em dezembro, informou nesta terça-feira, 11, o IBGE. Foi a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994.
Considerando todos os meses, o IPCA de janeiro foi o mais brando desde agosto de 2024, quando houve deflação de 0,02%.
Apesar do alívio neste começo de ano, os economistas afirmam que o resultado veio dentro do esperado e que a expectativa é de aceleração da inflação nos próximos meses.
“Essa desaceleração já era amplamente aguardada, só que a gente não terá esse efeito para os próximos meses. Então, a gente deve ter uma aceleração da inflação daqui para frente”, destacou Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.
Segundo o economista André Perfeito, a “boa notícia” do resultado do IPCA de janeiro tem que ser ponderada, uma vez que teve a contribuição de um fator temporário.
“Boa parte da desaceleração foi resultante do Bônus de Itaipu que fez a energia elétrica residencial despencar 14,21% no mês. Contudo nada disso importa. Claro que iniciar o ano com um IPCA baixo “conta ponto”, mas sabemos bem que a função de reação do BC está vinculada a inflação de Serviços e estes na verdade subiram.
A inflação de serviços em janeiro acelerou a 0,78%, de 0,66% em dezembro, acumulando em 12 meses alta de 5,57%. O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve no primeiro mês do ano queda 0,4 ponto percentual, chegando a 65%.
Importante destacar também que o grupo Alimentação e bebidas teve seu quinto aumento consecutivo (0,96%), influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%). Já os preços do grupo Transportes, subiram 1,30%, puxado pelas altas em passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%).
“De modo geral, a composição da inflação continua apontando para um cenário de sobreaquecimento, mas sem grandes surpresas em relação ao que já era esperado pelos agentes, o que sugere impacto limitado sobre o curso da política monetária”, avaliou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
O início do ano foi marcado por preocupações com os preços dos alimentos no governo, que levantou a possibilidade de medidas para reduzir a inflação desse item. Enquanto Lula afirmou que o governo quer incentivar o aumento da produção no país, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os preços tendem a se acomodar em 2025 em função da safra forte e do dólar mais baixo.
![Evolução do IPCA](https://istoedinheiro.com.br/wp-content/uploads/sites/17/2025/02/ipca.jpg?x46096)
Meta e projeções para o ano
No acumulado em 12 meses, o IPCA recuou para 4,56% em janeiro, contra 4,83% no fechamento de 2024. O resultado veio alinhado às previsões do mercado, mas ainda acima do teto da meta do Banco Central.
O centro da meta para 2025 é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Segundo pesquisa Focus divulgada na véspera pelo BC, a expectativa atual do mercado para o IPCA é de alta de 5,58% ao fim deste ano, no que foi a 17ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,30%. Já a mediana das expectativas para a Selic em 2025 é de 15%, enquanto que para 2026 a projeção é de que a taxa atinja 12,50%.
“Com o mercado de trabalho aquecido, o custo da mão de obra tende a aumentar, o que deve continuar pressionando a inflação de serviços. Nossa projeção é de que o IPCA feche 2025 em 5,9%, impulsionado também pela perspectiva de câmbio depreciado”, afirmou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
No final de janeiro, o BC elevou a taxa básica de juros Selic como indicado em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.
Na ata desse encontro, o BC elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.
*Com informações da Reuters