07/07/2017 - 9:43
A deflação de 0,23% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho foi o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, além de representar o primeiro resultado negativo da série histórica desde junho de 2006, quando o IPCA registrou deflação de 0,21%. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho de 2016, o IPCA havia sido de 0,35%.
Como resultado, a taxa acumulada em 12 meses do IPCA diminuiu de 3,60% em junho para 3,00 em maio, abaixo do centro da meta estipulada pelo governo federal. O resultado volta ao patamar de abril de 2007 e é o mais baixo desde março daquele ano, quando estava em 2,96%.
Alimentação
Os alimentos voltaram a ficar mais baratos ao consumidor em junho. O grupo Alimentação e bebidas passou de um recuo de 0,35% em maio para uma queda de 0,50% em junho.
O feijão carioca teve um salto de 25,86% no último mês, sendo o item de maior pressão sobre a taxa do IPCA de junho, 0,05 ponto porcentual. No entanto, a maioria dos alimentos passou a custar menos, com destaque para o tomate (-19,22%), a batata-inglesa (-6,17%) e as frutas (-5,90%).
O grupo Alimentação teve impacto de -0,12 ponto porcentual sofre a deflação de 0,23% registrada de junho. Com a contribuição de Habitação, também de -0,12 ponto porcentual, os dois grupos foram responsáveis por toda a deflação do mês. As despesas com Habitação recuaram puxadas pelas queda de 5,52% na conta de luz, o equivalente a -0,20 ponto porcentual.
“Em maio, o caminho da inflação já mostrava uma tendência à redução. Em maio, a energia elétrica era responsável por 0,29 ponto porcentual do IPCA, deixando 0,02 ponto porcentual para todos os outros itens. Então esse resultado agora é bastante coerente com os outros meses”, avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Eulina lembrou que, desde o início do Plano Real, o IPCA teve quatro meses de junho com deflação. “É quando a colheita está sendo realizada, a comercialização está a pleno vapor”, justificou a coordenadora. “É ali pelo meio do ano que as deflações acontecem, é onde se localizam as taxas mais baixas” completou.
Energia Elétrica
As contas de luz ficaram 5,52% mais baratas e produziram o maior impacto negativo sobre o IPCA. O item foi responsável por uma contribuição de -0,20 ponto porcentual para a deflação de 0,23% registrada pelo IPCA de junho.
A queda na energia elétrica ocorreu a despeito do aumento na parcela do PIS/Cofins na maioria das regiões pesquisadas e dos reajustes de 5,84% nas tarifas de uma das empresas da região metropolitana de Porto Alegre, e de 7,09% em Curitiba, a partir de 19 e 24 de junho, respectivamente. As contas de energia só não caíram em junho no Recife, porque, além do aumento do PIS/Cofins de 55,65%, houve reajuste de 8,87% na taxa de iluminação pública em 29 de abril, apropriada apenas agora ao cálculo do indicador.
A queda praticamente generalizada nas contas de luz foi decorrente da substituição em junho da bandeira vermelha pela verde, que elimina a cobrança extra de R$ 3,00 a cada 100 kWh consumidos. Além disso, houve redução de 6,03% nas tarifas da região metropolitana de Belo Horizonte.
Como consequência, o grupo Habitação teve uma queda de 0,77% em junho, a maior entre os grupos que integram o IPCA. O resultado só não foi menor porque houve pressão dos aumentos de 1,14% nas contas de condomínio e de 2,16% nas taxas de água e esgoto.
Deflação
A deflação de 0,23% registrada pelo IPCA em junho foi decorrente de quedas de preços generalizadas entre as 13 regiões pesquisadas, segundo os dados divulgados pelo IBGE.
“Não foi possível constatar, mas acho que podemos afirmar que é a primeira vez. Todo mundo ficou abaixo de zero”, confirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
A queda mais acentuada foi registrada na região metropolitana de Belo Horizonte (-0,48%), enquanto a mais amena foi a de Goiânia (-0,04%). Em São Paulo, que responde por quase um terço do IPCA, a deflação foi de 0,31% em junho. No Rio de Janeiro, os preços caíram 0,09%. Em Brasília, o recuo foi de 0,22%.
O IPCA abrange informações de dez regiões metropolitanas do País, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.