Cotada para ser a próxima companhia a entrar na bolsa de valores, a Aegea destaca que vê o caminho de listagem como estratégico, todavia não cita planos de curto prazo para colocar suas ações no mercado.

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Ao Dinheiro Entrevista, o CEO da Aegea, Radamés Casseb, relata que o arcabouço financeiro e de sócios consegue suprir as demandas no momento atual.

“Do ponto de vista de fonte, é super estratégico ter a listagem como uma alternativa adicional para busca de capital. Isso está sempre atrelado e na tese de raciocínio sobre qual é o valor, qual é o uso efetivo para criar valor transformacional. Até então, os sócios da companhia e outros parceiros de capital têm suprido as necessidades para crescimento em novos projetos”, conta.

“Em algum momento, assim como nas contingências ambientais e no planejamento de 30 anos ou de 50 anos, abrir o capital também é um desses dispositivos a ser acionado. A companhia vem se preparando do ponto de vista de comunicação com o mercado, fazendo benchmark, vem aprendendo com a experiência dos seus sócios, se preparando para a hora adequada”, completa Radamés Casseb.

O executivo ainda frisa que ‘condição de mercado é sempre um fator relevante’, dado que o Brasil tem passado por uma seca de IPOs desde 2021 – quando mais de 40 empresas entraram na bolsa de valores, em um ambiente de juros mais baixos e de um mercado financeiro mais aquecido.

Casseb frisa que além desse fator há ‘um momento transformacional ainda por chegar’.

Aegea mira compra da Copasa

A gestão da empresa relata que acompanha com atenção os passos do governo mineiro em relação ao processo de desestatização da Copasa. O projeto de privatização da companhia de saneamento de Minas Gerais já está nas mãos dos parlamentares estaduais e, segundo mandatários do executivo, segue em discussão.

Casseb revelou que a companhia tem mantido contato com gestores que já passaram ou ainda estão na Copasa. A proposta, segundo ele, é entender melhor os desafios enfrentados pela estatal para ampliar a qualidade dos serviços prestados.

“A gente espera ansioso que a complementariedade do privado possa apoiar nessa jornada de universalização em Minas Gerais. Também é um lugar onde a gente deseja muito estar. É uma companhia que, assim como Sabesp, é uma referência”, afirma.

“Então, a gente espera que a decisão seja tomada, espera que os modeladores sejam contratados e que essa discussão comece pelas vias públicas tradicionais. Ansiosos aqui por ter esse projeto na rua”, completa.

O governo de Minas desenhou uma proposta que se assemelha à da Sabesp, em São Paulo. A intenção é vender parte das ações da Copasa e manter uma participação minoritária com poder de veto em pautas estratégicas.

Esse modelo prevê que nenhum acionista tenha mais de 20% dos votos e que o Estado permaneça com pelo menos 10% das ações. Também está prevista uma golden share para preservar algumas decisões sob controle estatal, além da exigência de manter a sede da empresa em território mineiro.

No momento, o governo mineiro detém 50,03% do capital com direito a voto da Copasa. A fatia seria reduzida, mas ainda garantiria certa influência nas decisões, com foco em atrair um investidor de referência para assumir a gestão com metas regulatórias bem definidas.

Qual o tamanho da companhia

Atualmente cerca de 1 a cada 7 brasileiros é atendido pela Aegea, que tem presença em 760 municípios em 15 estados do Brasil. A companhia figura como a maior empresa privada de saneamento do Brasil, com faturamento de R$ 16 bilhões no ano de 2024.

A empresa nasceu em meados de 2010, sendo gestada dentro do Grupo Equipav, um grupo tradicional do setor de infraestrutura e engenharia.

Há anos que a Aegea é apontada como a provável próxima empresa a entrar na bolsa de valores e, além disso, é a companhia que quase se tornou sócia da Sabesp no certame realizado em 2024.