A SpaceX, empresa de exploração espacial de Elon Musk, quer levantar US$ 25 bilhões por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO) em 2026 – uma medida que poderá elevar o valor de mercado da fabricante de foguetes para mais de US$1 trilhão. A informação circula desde meados deste mês.

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A decisão da empresa de abrir seu capital na bolsa de valores nos Estados Unidos, o que pode se tornar um dos maiores IPOs globais, foi impulsionada principalmente pela rápida expansão de seu negócio de internet via satélite Starlink.

A expectativa é que o capital financie os planos para serviço direto para dispositivos móveis e o progresso do programa de foguetes Starship, essencial para missões à Lua e a Marte. De acordo com a Bloomberg, a companhia quer usar os recursos do IPO para desenvolver data centers no espaço, incluindo a compra dos chips necessários para operá-los.

A SpaceX iniciou conversas com bancos sobre o lançamento da oferta por volta de junho ou julho. A empresa, por enquanto, não deu detalhes. São informações que circularam a partir de pessoas próximas a Musk. Mas a companhia não é a primeira a pensar nisso.

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Executivos das também norte-americanas Starcloud e Lonestar já disseram em reportagens recentes que planejam a alternativa. Na Starcloud, o plano é que dentro de dez anos quase todos os novos data centers sejam construídos no espaço, já que há limitações para obter energia na Terra – e o custo será cada vez mais alto, informou o principal executivo da companhia, Philip Johnston, ao G1.

Como todo potencial negócio ligado a empresários que integram a lista das chamadas “Big 7” americanas, a notícia do IPO da SpaceX circulou e chamou a atenção. Não deixa de ser uma forma de os envolvidos enxergarem a aceitação do mercado – e há investidores à espera disso, informaram analistas financeiros. Musk, vale lembrar, é o dono da Tesla, uma das trilionárias “Big 7” da bolsa de valores Nasdaq, junto com Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (dona do Google), Meta e Nvidia. No momento, aliás, há um temor de bolha relacionado a essas empresas listadas (quando as ações estão com valor superior ao que a empresa pode entregar em ganhos).

As negociações sobre o plano de abertura de capital de sua outra empresa, a SpaceX, estão se desenrolando em um contexto de ressurgimento do mercado de IPOs em 2025, após um período de três anos de estagnação. Os principais executivos de Wall Street, o coração financeiro norte-americano, esperam que o ímpeto continue em 2026, impulsionado por uma série de empresas que se preparam para testar a demanda dos investidores.

Para Samuel Kerr, o chefe de mercado de capitais da Mergermarket, a SpaceX representa uma das oportunidades “mais empolgantes” no mercado global de IPOs, já que está na lista de desejos de vários investidores há anos”. A informação é da Reuters.

“Trata-se de um setor em franca expansão, com a tecnologia espacial sendo vista como uma fronteira fundamental tanto na defesa e na proliferação de satélites quanto na infraestrutura tecnológica em geral, incluindo o crescimento de data centers orbitais”, disse. 

Dúvidas sobre a capacidade de Musk de administrar várias empresas de capital aberto avaliadas em mais de $1 trilhão, contudo, podem manter os investidores cautelosos. “A SpaceX pode ser uma das ações mais controversas a entrar no mercado em anos”, disse o analista da AJ Bell, Dan Coatsworth.

Se a SpaceX abrir seu capital, vai haver pressão crescente sobre Musk para que ele se comprometa com apenas uma de suas empresas listadas — Tesla ou SpaceX. “É difícil imaginar como um indivíduo poderia administrar duas empresas de mais de U$ 1 trilhão ao mesmo tempo”, continua Coatsworth.

A abertura de capital da SpaceX pode incentivar diversas grandes startups a lançarem ações em bolsa. De acordo com dados da Crunchbase, a empresa de Musk ocupa a segunda posição entre as startups privadas mais valiosas do mundo, atrás apenas da OpenAI, criadora do ChatGPT.

A OpenAI e sua concorrente Anthropic também estariam em negociações para um IPO no próximo ano. Se todos esses negócios forem concretizados, o mercado de IPOs dos EUA experimentará um renascimento genuíno, cujos primeiros sinais já foram vistos este ano.