09/04/2019 - 10:55
O presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou os Estados Unidos, nesta terça-feira (9), de “liderarem o terrorismo internacional”, um dia depois de Washington incluir os Guardiães da Revolução na lista de “organizações terroristas”.
Força de elite da República Islâmica do Irã, os Guardiães da Revolução estão envolvidos na “luta contra o terrorismo” desde “sua criação”, afirmou Rohani.
“Quem são vocês para classificar de terroristas as instituições revolucionárias” iranianas?, questionou Rohani durante um discurso ao vivo pela televisão estatal.
Rohani deu estas declarações em uma cerimônia por ocasião do dia iraniano da tecnologia nuclear, na qual estavam presentes vários representantes dos Guardiães da Revolução, que também celebravam seu dia nacional.
Os Guardiães da Revolução são um Exército paralelo, cuja influência vai além da esfera militar e alcança a economia e a política.
Destacando seu compromisso com as autoridades sírias e iraquianas na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), Rohani insinuou que os Estados Unidos quiseram “usar (esta organização) contra os Estados” do Oriente Médio.
“Quem, no mundo hoje em dia, propaga e promove o terrorismo?”, questionou.
“Hoje de novo, os Estados Unidos não estão dispostos a lutar contra o EI. Hoje de novo, os Estados Unidos escondem os dirigentes do EI. Hoje de novo os Estados Unidos não estão dispostos a indicar para os governos da região, onde se escondem os dirigentes do EI”, acrescentou o presidente iraniano.
Rohani também condenou os Estados Unidos pela catástrofe do voo 655 da Iran Air, na qual morreram 290 pessoas em julho de 1988, quando o aparelho foi abatido no Golfo – “por erro”, segundo Washington – por um míssil disparado de um navio de guerra americano.
– ‘Mensagem terrorista para o mundo’ –
“Quem pode aceitar que confundam um avião de passageiros Airbus em fase de subida com a trajetória de um F-14?”, insistiu, acusando Washington de ter abatido o avião de forma deliberada.
“Vocês quiseram dizer à nação iraniana: não temos qualquer linha vermelha (…) também matamos crianças (…) também matamos mulheres (…) também reduzimos passageiros inocentes a pó. Sua mensagem é uma mensagem terrorista dirigida a todo o mundo”, concluiu Rohani.
Depois do anúncio da decisão de incluir os Guardiães da Revolução na lista de “organizações terroristas estrangeiras”, o Irã denunciou o “regime” dos Estados Unidos como um “Estado que patrocina o terrorismo”.
Teerã também advertiu que as forças do país americano enviadas do Chifre da África para a Ásia Central seriam consideradas agora como “grupos terroristas”.
Ligada aos ultraconservadores, a agência iraniana de notícias Fars noticiava nesta terça: “Quatro terroristas do Exército americano mortos no Afeganistão”, em referência ao último atentado cometido perto da base aérea de Bagram, a maior dos Estados Unidos no Afeganistão.