No sétimo dia de conflito, mísseis iranianos deixaram feridos em centro médico no sul de Israel e outras regiões do país, inclusive Tel Aviv. Militares israelenses atacaram instalações nucleares iranianas.A escalada militar entre Israel e Irã agravou-se na manhã desta quinta-feira (19/06), sétimo dia do conflito, quando um míssel iraniano provocou grandes danos ao principal hospital do sul de Israel e ataques aéreos israelenses atingiram uma importante instalação nuclear iraniana.

O centro médico Soroka, na cidade de Bersebá, foi atingido por um míssil balístico, segundo autoridades israelenses, deixando vários feridos. Um andar do complexo desabou, e a força da explosão quebrou janelas dos prédios ao redor.

Também foram registrados ataques iranianos em Tel Aviv, e algumas pessoas ficaram presas em um edifício em um bairro no sul da cidade. Cerca de uma dúzia de embaixadas e missões diplomáticas, principalmente europeias e africanas, estão localizadas a apenas algumas centenas de metros do local do ataque.

Mísseis iranianos também danificaram prédios em Ramat Gan, perto de Tel Aviv, e equipes de emergência foram acionadas para resgatar moradores, incluindo crianças.

Segundo o serviço de resgate israelenses Magen David Adom, pelo menos 47 pessoas ficaram feridas em todo o país nos mais recentes ataques iranianos. Três pessoas estão em estado grave e duas em situação estável, e 42 pessoas sofreram ferimentos leves causados por estilhaços e trauma por explosão. Outros 18 civis ficaram feridos enquanto corriam para se abrigar.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, disse que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, seria “responsabilizado” pelo ataque iraniano ao hospital em Israel, e afirmou ter ordenado à IDF que “intensificasse os ataques” à república islâmica. “Esses são alguns dos crimes de guerra mais graves, e Khamenei será responsabilizado por suas ações.”

Israel atinge instalação nuclear iraniana

Por sua vez, as Forças Armadas de Israel (FDI) informaram que atacaram o reator nuclear de Khondab, em Arak, no Irã, incluindo seu reator de pesquisa de água pesada parcialmente construído.

Reatores de água pesada representam um risco de proliferação nuclear porque podem produzir facilmente plutônio – que, assim como o urânio enriquecido, pode ser usado para fabricar o núcleo de uma bomba atômica.

A mídia iraniana informou que dois projéteis atingiram uma área próxima à instalação, que havia sido evacuada, e não houve relatos de ameaças de radiação.

Os militares israelenses afirmaram que também atacaram um local em Natanz, que, segundo elas, conteria componentes e equipamentos especializados usados para o desenvolvimento de armas nucleares. A área já havia sido atingida pela IDF nos últimos dias.

Dúvida sobre posição dos EUA

O pior conflito de todos os tempos entre as duas potências regionais aumentou os temores de que ele envolva potências mundiais e desestabilize ainda mais o Oriente Médio.

Em declarações à imprensa na quarta-feira, o presidente americano Donald Trump recusou-se a dizer se havia tomado alguma decisão sobre se iria se juntar à ofensiva aérea de Israel. “Posso fazer isso. Posso não fazer isso. Quero dizer, ninguém sabe o que vou fazer”, disse.

Ele afirmou posteriormente que autoridades iranianas queriam ir a Washington para uma reunião. “Podemos fazer isso”, disse, acrescentando que “é um pouco tarde” para tais negociações.

Khamenei, por sua vez, repreendeu o apelo anterior de Trump para que o Irã se rendesse em um discurso gravado transmitido pela televisão, na sua primeira aparição desde sexta-feira passada.

“Qualquer intervenção militar dos EUA será, sem dúvida, acompanhada por danos irreparáveis”, disse. “A nação iraniana não se renderá.”

O Irã nega que esteja buscando armas nucleares e afirma que seu programa tem fins pacíficos. A Agência Internacional de Energia Atômica disse na semana passada que Teerã violou suas obrigações de não proliferação pela primeira vez em 20 anos.

Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Grã-Bretanha planejam realizar negociações nucleares com seu homólogo iraniano na sexta-feira em Genebra para instar o Irã a retornar à mesa de negociações, disse uma fonte diplomática alemã à agência de notícias Reuters.

Israel, que não é signatário do Tratado Internacional de Não Proliferação, é o único país do Oriente Médio que se acredita possuir armas nucleares. Israel não nega nem confirma isso.

O Irã relatou pelo menos 224 mortes em ataques israelenses, a maioria civis, mas não atualiza esse número há dias. A agência de notícias iraniana HRANA, sediada nos Estados Unidos, disse que 639 pessoas foram mortas nos ataques israelenses e 1.329 ficaram feridas até 18 de junho. A informação não pôde ser verificada de forma independente.

bl (Reuters, AFP, ots)