Três dos quatro iraniano-americanos libertados por Teerã, em troca de sete iranianos detidos nos Estados Unidos, chegaram neste domingo à noite à base americana Ramstein na Alemanha – informou uma fonte do Departamento de Estado.

“Podemos confirmar que os cidadãos americanos que saíram do Irã esta manhã, depois de serem libertados, chegaram à Alemanha”, declarou a fonte.

Os ex-presos fizeram uma escala prévia em Genebra e eram esperados em Ramstein, onde farão uma série de exames médicos.

Em nota divulgada mais cedo, o Ministério suíço das Relações Exteriores ressaltou que Estados Unidos e Irã acertaram em 17 de janeiro passado a libertação de 11 pessoas, após “discussões confidenciais durante 14 meses na Suíça”.

Em Washington, um alto funcionário do governo, que pediu para não ser identificado, havia confirmado “que nossos cidadãos presos foram colocados em liberdade” e deixaram o Irã.

A televisão estatal iraniana informou que os libertados abandonaram Teerã neste domingo a bordo de um “avião especial suíço” com destino a Berna.

No voo, estavam o ex-marine Amir Hekmati, o pastor Said Abdeini e o jornalista Jason Rezaian, correspondente do jornal The Washington Post. Um quarto libertado, Nosratollah Khosravi, não embarcou na aeronave, segundo informações do Post e do jornal The New York Times, que citam funcionários do governo americano não identificados.

O Washington Post confirmou que o correspondente no Irã saiu da prisão de Evine, em Teerã, e deixou o país são e salvo.

“Estamos aliviados que o pesadelo de Jason e sua família, que durou 545 dias, finalmente tenha chegado ao fim”, declarou o diretor do jornal, Frederick Ryan, em comunicado.

Rezaian deixou o Irã em avião ao lado da esposa, Yeganeh Salehi, informou o Post, acrescentando que está “satisfeito com a libertação pelo Irã de outros americanos”.

Um editorial do jornal criticou as autoridades judiciais iranianas, que “violaram repetidamente as próprias leis do Irã, entre outras coisas, com a prisão do jornalista do Post durante meses – em regime de isolamento na maior parte do tempo – antes da apresentação de denúncias, o que não lhe permitiu praticamente nenhum contato com a defesa antes do julgamento”.

Enquanto isso, a família do ex-marine Amir Hekmati, que enfrentava a ameaça de ser condenado à morte no Irã por suposta espionagem, informou que ele foi libertado e já embarcou no voo que o levará para fora do país.

“Nosso irmão, filho e amigo Amir Hekmati foi libertado hoje pelo Irã. Nos foi dito oficialmente agora que eles estão a bordo de um avião para sair do país”, disse a família em comunicado.

No sábado, Estados Unidos e Irã fizeram uma troca de prisioneiros sem precedentes, depois que Teerã libertou quatro iraniano-americanos e Washington concedeu indulto a sete iranianos, seis deles com dupla cidadania – informou uma fonte do governo americano.

A informação foi divulgada no momento em que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, reuniam-se em Viena para colocar em vigor um acordo sobre o programa nuclear iraniano entre Teerã e as grandes potências.

Segundo o Post, o voo que deveria levar os quatro detidos libertados por Teerã sofreu um atraso porque a mãe de Rezaian, Mary, e sua esposa, Yeganeh, que também iriam acompanhá-lo no voo inicialmente não apareciam na lista de passageiros.

O secretário John Kerry disse a repórteres que viajam com ele de Viena para Washington que o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, resolveu o problema.

“Fazia parte do acordo, estava claramente estabelecido”, esclareceu Kerry, acrescentando que a família do jornalista deveria acompanhá-lo em sua partida.

O jornalista Jason Rezaian, 39 anos, foi preso em julho de 2014, acusado de “espionagem” e condenado no final do ano passado a uma pena, cuja duração nunca foi divulgada.