02/09/2022 - 12:29
A possibilidade de o IRB (IRBR3) fracassar em sua próxima oferta de ações é real, disse Sidney Lima, analista da Top Gain nesta sexta-feira (2). A companhia divulgou na noite de quinta-feira (1) que o valor por ação em sua oferta restrita de ações será de R$ 1. A empresa prevê levantar R$ 1,2 bilhão. Os papéis serão vendidos a partir do dia 5 de setembro.
A captação foi motivada pelos prejuízos da companhia, que geraram um desenquadramento dos indicadores de capital e liquidez da Susep (Superintendência de Seguros Privados).
O valor previsto é 50,25% menor do que o preço do papel da companhia no dia do anúncio da oferta, que era de R$ 2,01. E 28,57% menor que o d0 fechamento de quinta-feira, quando o papel terminou o pregão a R$ 1,40.
Segundo Lima, o motivo para o fracasso da oferta seria a falta de confiança no IRB. “O caso de transações irregulares, fraudes e manipulação de demonstrativos, é algo que dificilmente faz com que a empresa ganhe a credibilidade de boa parte dos investidores institucionais”, afirmou.
Ele explicou também que a capitalização parece algo distante para uma empresa com baixa credibilidade. “Isso sem dúvida dificulta por si só o interesse pela ação, o que torna mais difícil ainda uma nova capitalização no mercado”, disse.
+ Ibovespa avança com endosso externo e retoma 112 mil pontos; IRB desaba
De acordo com o analista da Top Gain, o processo pode também não atender as necessidades da empresa, o que complica ainda mais a situação do IRB.
“A empresa precisa com urgência dessa capitalização considerando o alto nível de sinistralidade, caso essa captação de recurso não atenda a necessidade da empresa, a mesma pode ter algum problema com a Susep”.
Por isso, ele afirmou que esse não é um bom momento para ter a ação, visto que há a possibilidade de investimentos mais rentáveis no momento. “O caso da empresa é bem sério, sendo assim, acredito que existam outras empresas com uma relação risco x retorno muito melhor que o IRB ”, afirmou Lima.
Corretoras e gestoras abandonam o IRB
Desde 2020, muitas casas de análise deixaram de cobrir a empresa, esse é o caso da Mirae Asset. Segundo o analista Pedro Galdi, o ativo foi tirado do radar por causa dos escândalos que cercaram a empresa. “A instituição segue em recuperação e agora novas notícias pressionam o preço da ação. Vamos aguardar um ciclo de notícias positivas para avaliar o retorno de cobertura”, afirmou.
Em levantamento realizado no dia 26 de agosto, a XP Investimentos descobriu que a maioria dos investidores estão “shorteados”, ou seja, operam na expectativa de queda das ações da companhia.
A Genial Investimentos também mantém a recomendação de venda para as ações da empresa. “O IRB apresentou insuficiência de capital de R$ 613 milhões, com seu patrimônio mínimo ajustado (índice de solvência) perfazendo apenas 64% do capital mínimo requerido ao final do segundo trimestre”, disseram os analistas da corretora Eduardo Nishio e Bruno Bandiera, que assinam o relatório.