21/11/2010 - 4:41
O primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, confirmou neste domingo que seu país solicitou um pedido de ajuda financeira internacional de bilhões de euros, que recebeu a aprovação dos ministros das Finanças da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Posso confirmar que o governo fez uma solicitação à União Europeia e ela foi aceita”, disse Cowen em uma coletiva de imprensa realizada em Dublin.
O líder irlandês não informou o montante exato da ajuda solicitada, mas anunciou que o atual percentual de tributação, de 12,5%, um dos mais baixos do mundo, não será modificado.
O ministro belga das Finanças, Didier Reynders, cujo país detém a presidência rotativa da UE, confirmou pouco antes em Bruxelas um acordo europeu para apoiar a Irlanda e informou que a ajuda será de “menos de 100 bilhões de euros”.
O volume total do apoio financeiro será de “menos de 100 bilhões de euros”, declarou à imprensa, após uma primeira reunião com os ministros dos 16 países da eurozona, e posteriormente uma de toda a União Europeia, realizada por teleconferência.
Os valores apostados desde o início iam de 40 a 100 bilhões de euros (entre 55 e 137 bilhões de dólares), menos que os 110 bilhões recebidos há seis meses pela Grécia, a primeira vítma da crise da dívida que precisou ser resgatada.
Em uma declaração oficial posterior, os ministros europeus das Finanças consideraram que a ajuda à Irlanda, pedida por Dublin, é justificada para “preservar a estabilidade financeira da UE e da zona do euro”.
Por sua vez, o FMI também declarou-se “pronto para se juntar” ao programa de ajuda à Irlanda com um empréstimo de vários anos, disse em Washington seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn.
A ajuda será financiada mediante três mecanismos: um, pelo qual o orçamento da UE garantirá empréstimos de até 60 bilhões de euros, outro, no qual o garantidor será o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, com uma capacidade de até 440 bilhões de euros e onde participam os países da zona do euro e outros Estados europeus não integrantes do bloco e, finalmente, pelo FMI.
Cerca de trinta especialistas da UE e do FMI discutiam desde quinta-feira com as autoridades irlandesas em Dublin as modalidades técnicas desta ajuda, que deve centrar-se nas superendividadas entidades finaceiras irlandesas, cujo resgate disparou o déficit irlandês para 32% do PIB neste ano.
As reuniões em Bruxelas devem continuar durante a noite com outra teleconferência, dessa vez dos ministros das Finanças do G7 (EUA, Japão, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e Itália).
O fato de se reunirem para tratar deste tema mostra a dimensão internacional que a crise financeira da Irlanda tomou: a dívida astronômica de seu setor bancário, duramente afetado pela explosão de uma bolha imobiliária, traz o temor de um contágio a outros países, não apenas europeus.
Segundo o governo irlandês, a ajuda será concedida “sob um forte programa político que será negociado com as autoridades irlandesas pela Comissão Europeia e pelo FMI, em conexão com o Banco Central Europeu (BCE)”.
O programa “responderá aos desafios orçamentários” da economia irlandesa, baseando-se no ajuste orçamentário e nas reformas estruturais incluídas no plano quadrienal de rigor, informou o governo em um comunicado.
“Um elemento central do programa será apoiar uma reestruturação mais profunda e a restauração da viabilidade a longo prazo da saúde financeira do sistema bancário irlandês”, acrescentou.
O governo anunciará seu plano de austeridade no início da semana. As medidas apontam para uma economia de 15 bilhões de euros em quatro anos, ou seja, quase 10% do PIB irlandês.
O plano da Irlanda tem como meta levar o déficit público, atualmente 32% do PIB, a 3% em 2014, conforme as exigências da União Europeia.
As novas medidas de austeridade, que chegam após planos de economia já drásticos, anunciados em série desde 2008, devem acelerar a redução do quadro de funcionários e aumentar os cortes dos subsídios de desemprego e familiares, e devem afetar inclusive o salário mínimo.
Isto provocará “desordens sociais”, disse Eamon Devoy, líder do TEEU, segundo maior sindicato industrial, que chama a população para uma campanha de “desobediência civil”. Para o próximo sábado, está programada uma manifestação, que os sindicatos anunciam como “massiva”.
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