09/10/2022 - 9:11
A empresa britânica Energean começou a realizar testes neste domingo (9) para ligar Israel ao campo de exploração de gás offshore de Karish, no leste do Mar Mediterrâneo, que tem sido fonte de atritos com o Líbano.
Israel alega que o campo de Karish está integralmente dentro de suas águas territoriais como parte das conversas indiretas com o Líbano sobre a demarcação de sua fronteira marítima, mediadas pelos Estados Unidos.
Segundo informações que circularam na imprensa, o Líbano reivindica algumas partes de Karish e o movimento xiita Hezbollah, um ator poderoso do cenário político libanês, chegou a ameaçar com ataques se Israel começasse a extrair gás desse campo.
Em um comunicado neste domingo, a Energean disse que, após receber autorização do Ministério de Energia de Israel, “começou a fazer circular gás natural” da rede israelense até a plataforma de Karish.
Esses testes, da terra para o mar e previstos durante várias semanas, têm por objetivo conectar Karish a Israel antes de iniciar a exploração do campo mais adiante.
No início de outubro, os dois países manifestaram satisfação com um esboço de acordo apresentado pelo mediador americano Amos Hochstein para resolver a disputa sobre a fronteira marítima entre Israel e Líbano, que tecnicamente ainda estão em guerra.
O objetivo é levantar os obstáculos à exploração de campos de gás no leste do Mediterrâneo.
Segundo fontes bem informadas, o acordo prevê que o campo de Karish fique sob controle de Israel, e que o campo vizinho de Qana fique com o Líbano, apesar de uma parte de este último cruzar a futura linha de demarcação. O Estado israelense embolsaria parte das receitas da exploração de Qana, de acordo com essas fontes.
Na quinta-feira, Israel manifestou sua rejeição a uma série de emendas libanesas ao projeto de acordo, que também é criticado pelo líder opositor Benjamin Netanyahu. O ex-primeiro-ministro ameaçou não cumprir um eventual pacto se retornar a chefia de governo depois das eleições legislativas israelenses de 1º de novembro.
Por sua vez, o Ministério de Relações Exteriores da França afirmou neste fim de semana que está contribuindo “ativamente para a mediação norte-americana”.
Em julho, o premiê israelense, Yair Lapid, viajou a París para tratar do assunto com o presidente Emmanuel Macron, com a esperança de que a França atue para facilitar um acordo com Beirute, especialmente pelo fato de que o grupo francês Total poderia ficar encarregado de explorar o campo de Qana.