Após duas semanas de intensos bombardeios contra a estrutura do grupo xiita Hezbollah, Forças de Defesa de Israel iniciam incursões terrestres no sul do Líbano.Israel anunciou na madrugada desta terça-feira (1º/10) ter iniciado incursões terrestres no sul do Líbano, com “intensos combates” em andamento. As operações terrestres no país vizinho começaram duas semanas após uma série de bombardeios contra a estrutura do grupo xiita libanês Hezbollah – incluindo um ataque aéreo que matou seu líder, Hassan Nasrallah – e marcam uma escalada significativa na ofensiva israelense contra a milícia.

Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que essas incursões são “limitadas, localizadas e direcionadas, com base em inteligência precisa, contra alvos e infraestruturas terroristas do Hezbollah no sul do Líbano”.

As incursões devem acontecer, segundo a breve nota, “em vilarejos próximos à fronteira” entre os dois países contra alvos que “representam uma ameaça imediata às comunidades israelenses no norte de Israel”.

Essas incursões terrestres são apoiadas pela força aérea e pela artilharia, que já tinham sido acionadas no sul do Líbano no início do dia, com “ataques precisos a alvos militares na área”.

O governo israelense, que se reuniu nesta noite, já havia aprovado a próxima fase de suas operações de guerra no Líbano, confirmou uma fonte familiarizada com as discussões ao jornal Haaretz, sem dar mais detalhes.

A operação das forças israelenses dá sequência ao plano para o qual militares “se prepararam e treinaram nos últimos meses”.

Nas últimas semanas, ataques israelenses atingiram o que os militares dizem ser milhares de alvos do Hezbollah em grande parte do Líbano. Mais de mil pessoas foram mortas, quase um quarto delas mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.

Ataques do Hezbollah

As incursões terrestres israelenses ocorrem após a intensificação dos ataques desta noite por parte do Hezbollah na fronteira norte de Israel, com alarmes anunciados em Shtula, Misgav Am, Zar’it, Netya e na região da Alta Galileia.

O grupo xiita libanês emitiu um comunicado no qual dizia que o alvo de seus ataques eram as tropas israelenses mobilizadas na fronteira, mesmo sem relatos de incursão terrestre naquele momento. Nesta madrugada, o governo libanês afirmou que um total de 95 pessoas foram mortas e 172 ficaram feridas por ataques israelenses em todo o país nas últimas 24 horas.

A área com o maior número de mortes foi o Vale do Beqaa, no leste do Líbano, onde 59 pessoas morreram e 65 ficaram feridas, enquanto em Nabateh, no sul, 16 perderam a vida e 55 sofreram ferimentos. Na capital, 20 pessoas morreram e 52 ficaram feridas.

Esses números se somam às mais de mil pessoas que foram mortas e cerca de 1 milhão que se viram forçadas a fugir de suas casas nas últimas duas semanas diante da brutal campanha de bombardeio de Israel, que tem como alvo principalmente o sul e o leste do Líbano, mas também os subúrbios do sul de Beirute.

O Hezbollah prometeu nesta segunda-feira continuar lutando mesmo após suas recentes perdas. O líder interino do grupo, Naim Kassem, disse em uma declaração televisionada que o Hezbollah estaria pronto para uma operação terrestre. Ele disse que os comandantes mortos nas últimas semanas já foram substituídos.

O Hezbollah é uma milícia bem treinada, que se acredita ter dezenas de milhares de combatentes e um arsenal de 150 mil foguetes e mísseis. A última vez que Israel e o Hezbollah se envolveram em combate terrestre foi numa guerra de um mês em 2006. Os dois lados passaram as últimas duas décadas se preparando para um eventual próximo confronto. Enquanto o Hezbollah construiu um arsenal formidável, Israel investiu grandes somas em treinamento e coleta de informações.

Os recentes ataques aéreos, que eliminaram boa parte da liderança do Hezbollah, e as explosões de centenas de pagers e walkie-talkies usados pelos membros do grupo para se comunicar, indicam que Israel se infiltrou profundamente nos escalões superiores da milícia xiita.

Mais informações em instantes…

cn/as (Reuters, Efe, AP)