24/01/2025 - 13:27
Acordo de cessar-fogo previa medida após 60 dias, e Hezbollah fala em violação do tratado. Netanyahu alega que governo libanês não agiu a tempo para garantir segurança na região de fronteira.O governo de Israel afirmou nesta sexta-feira (24/01) que haverá um atraso na retirada de suas tropas do sul do Líbano para além do prazo de 60 dias estipulado por um acordo de cessar-fogo que se encerra neste domingo. Tel Aviv acusou os libaneses de não implementarem totalmente sua parte no pacto.
Israel alega que o Exército libanês não havia se transportado para o sul do país com rapidez suficiente para estar apto a monitorar o cumprimento do cessar-fogo e impedir o retorno do grupo islamista Hezbollah à região.
Em nota, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o processo da retirada militar israelense “depende do Exército libanês se posicionar no sul do Líbano e aplicar total e efetivamente o acordo, enquanto o Hezbollah deve se retirar para além do rio Litani”.
“Como o acordo de cessar-fogo ainda não foi totalmente aplicado pelo Estado libanês, o processo de retirada gradual continuará em coordenação total com os Estados Unidos”, informou o gabinete.
Israel pede mais 30 dias de prazo
O frágil cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor em 27 de novembro após mais de um ano de hostilidades, incluindo dois meses de guerra total, quando as tropas israelenses cruzaram a fronteira. A ofensiva de grande porte lançada por Israel debilitou gravemente o Hezbollah e forçou o deslocamento de 1,2 milhão de libaneses.
O acordo, intermediado pelos EUA e pela França, foi formulado de modo a possibilitar uma extensão da retirada além dos 60 dias inicialmente planejados.
Segundo relatos na imprensa, os israelenses pediram aos EUA um adiamento de 30 dias após o fim do prazo original neste domingo. Os EUA integram o grupo de países encarregados de monitorar o cumprimento do cessar-fogo.
Hezbollah fala em violação do acordo
O acordo de cessar-fogo estipula que as forças do Hezbollah devem se retirar para uma área ao sul do Rio Litani, cerca de 30 quilômetros ao norte da fronteira israelense-libanesa.
Fontes de segurança libanesas relataram à agência de notícias DPA que havia um potencial para tensões neste período de transição. Há temores de que alguns libaneses apoiados pelo Hezbollah tentem entrar neste domingo em seus vilarejos, que ainda estão sob controle israelense.
O Hezbollah acusou Israel de violar o acordo ao não se retirar mais rapidamente do sul libanês. Um comunicado divulgado pelo grupo afirma que qualquer atraso na retirada seria uma violação inaceitável do acordo e colocaria o ônus de agir sobre o Estado libanês, pedindo que as autoridades do governo lidem com a questão “através de todos os meios e métodos garantidos pelas leis internacionais”.
rc/ra (Reuters, DPA)