31/10/2022 - 8:43
Os israelenses comparecem às urnas na terça-feira (1) para as quintas eleições legislativas em menos de quatro anos, que podem marcar o retorno ao poder do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção.
Aos 73 anos, o chefe de Governo mais longevo da história do país tenta reunir a maioria de 61 deputados dos 120 do Parlamento, ao lado de seus aliados dos partidos ultraortodoxos e de extrema-direita.
As pesquisas mais recentes projetam 60 cadeiras para o “bloco de direita” de Netanyahu, contra 56 para o atual primeiro-ministro, o centrista Yair Lapid, e seus aliados.
Nos cartazes de campanha, Netanyahu mostra o adversário ao lado de líderes de partidos árabes. “Uma vez é suficiente!”, afirma uma das mensagens que classifica o governo de Lapid como “perigoso”.
Lapid estabeleceu em 2021 uma “coalizão de mudança”, que reunia partidos de direita, esquerda, centro e uma formação árabe, com o objetivo de derrotar Netanyahu, acusado em corrupção em vários processos.
Um ano mais tarde, no entanto, a coalizão perdeu a maioria no Parlamento com a saída de deputados de direita, o que levou o governo a convocar novas eleições, as quintas em três anos e meio.
“O pior cenário é a continuidade da instabilidade política, que provocaria instabilidade social e econômica”, afirma Leon Shvartz, dono de um bar em Jerusalém.
“Muitas pessoas que conheço estão simplesmente desesperadas, e este desespero vem do fato de que não observam um horizonte, nenhuma estabilidade futura”, lamenta o homem de 43 anos.
A campanha, que começou de maneira lenta, acelerou nos últimos dias com partidos religiosos que exibem cartazes nas ruas de Jerusalém e formações árabes que distribuem panfletos nas cidades da Galileia e pediu o apoio da esquerda israelense.
“Sem a nossa presença, a direita formará um governo majoritário. Para impedi-los, precisamos de vocês. Seu voto pode fazer a diferença”, disse Ahmed Tibi, um dos líderes da lista árabe Hadash-Taal, em hebraico, na noite de domingo.
Em 2020, os partidos árabes israelenses conquistaram um recorde de 15 cadeiras com uma campanha conjunta. Mas desta vez estão na disputa com três listas separadas: Raam (islamita moderado), Hadash (laico) e Balad (nacionalista).
No sistema proporcional israelense, uma lista deve obter 3,25% dos votos para entrar no Parlamento, com o mínimo de quatro deputados. Caso não alcance a cláusula de barreira, o partido fica sem representantes na Knesset.
Divididos, os partidos árabes podem não atingir o mínimo necessário e favorecer a vitória do partido de Netanyahu e seus aliados.
Desiludido, Rami Abu Sharem, um árabe israelense de 29 anos, não pretende votar pela primeira vez em sua vida.
“O crime aumenta ano após ano. E não investem em educação para a minoria árabe, em particular na comunidade beduína”, lamenta.
– Segurança –
As eleições acontecem em um momento de tensão na Cisjordânia ocupada, com dois atentados executados por palestinos nos últimos dias.
Após uma série de atentados contra Israel nos últimos meses, o exército efetuou mais de 2.000 operações na Cisjordânia.
As incursões, que muitas vezes provocam confrontos, deixaram mais de 120 mortos do lado palestino, o maior número de vítimas em sete anos.
A imprensa questiona nesta segunda-feira se a violência terá a “última palavra” nas eleições, o que ajudaria a direita.