05/12/2017 - 21:12
Depois de três anos ininterruptos de crises, política e econômica, o Brasil começa a se recuperar. O empreendedorismo ganhou vez no País e a figura que personifica esta virtude, o empreendedor, que até então era visto como ganancioso e explorador, agora é visto como o fiador da retomada econômica.
Nesta terça-feira 5, a revista DINHEIRO premiou seis personalidades que estão transformando o País. São pessoas que tiveram atuações destacadas no governo, a frente de empresas e no âmbito social.
Ilan Goldfajn foi eleito o Empreendedor do Ano de 2017. À frente do Banco Central desde que Michel Temer assumiu a Presidência da República, Goldfajn derrubou as taxas de juros, que chegaram hoje ao menor patamar desde que começaram a serem implementadas as metas de inflação, em 1996.

Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, foi laureado com o prêmio voltado para o e-commerce. Sua estratégia de integrar o varejo online ao físico fez da ‘Magalu’ um fenômeno no mercado financeiro. No ano passado, as ações subiram 501% na B3. Em 2017, até 29 de novembro, aumentavam 340%.
“É com muito emoção que eu recebo esse prêmio em um ano tão especial”, disse Trajano. “A ação do Magazine Luiza foi a que mais se valorizou na Bolsa nos últimos dois anos. Geramos mais de R$ 10 bilhões em valor”

Também do varejo, mas desta vez no físico, Flavia Bittencourt, presidente da rede varejista de produtos de beleza Sephora no Brasil, surpreendeu. Ela alavancou as vendas da empresa no Brasil ao convencer o CEO Global, Christopher de Lapuente, a adotar o modelo de quiosques. Com 24 lojas e 11 quiosques (ao todo são 2,3 mil lojas em 33 países), o índice de retorno de uma cliente na loja é de 62% e o tempo médio de permanência, de 45 minutos.
“Queria agradecer as milhões de mulheres apaixonadas por beleza. O Brasil tem sido muito desafiador. A Sephora chegou ao Brasil em 2012 e veio para cá para ficar. Veio porque acreditava no Brasil. Não estamos aqui para uma corrida de 100 metros, mas para uma maratona”, disse Flavia, em seu discurso de agradecimento.

A ISTOÉ DINHEIRO também premiou Guilherme Paulus, um camaleão do turismo no Brasil. A partir do zero, ele criou um império do turismo ao impulsionar a operadora CVC. Depois de se desfazer de parte da CVC por R$ 750 milhões, após repassar a companhia aérea Webjet para a Gol por R$ 70 milhões, Paulus continua vendendo sonhos com a GJP. O empresário conta com quatro bandeiras: a Wish, de cinco estrelas; a Prodigy, de quatro estrelas; a Linx, de três estrelas; e a linha premium Saint Andrews, localizado em Gramado, um dos mais exclusivos do País, que ostenta o selo Relais & Châteaux.
“O turismo é uma das atividades que mais cresce no mundo. É uma indústria forte. Mas precisamos abrir os céus brasileiros para continuar crescendo. Precisamos aumentar o número de turistas estrangeiros no País”, afirmou ao receber o prêmio.

À frente da Favela Vai Voando (FVV), rede de agências de turismo especializada no mercado da periferia, Celso Athayde está desenvolvendo a economia das regiões mais carentes do País por meio do empreendedorismo e da organização social, e por isso recebeu o prêmio em Impacto Social. A empresa inaugurou sua 178ª unidade, o que representa uma média de quase 45 lojas abertas por ano desde sua fundação, em 2013.
“Aos seis anos fui morar na rua. Aos 14 anos fui morar em uma favela. O que é sinônimo de tragédia para muita gente, para mim foi um “upgrade”. Comecei a vender de tudo e até coisas que não devia. Montei uma ONG que é a Cufa, e hoje ela está em 400 cidades e 17 países. Hoje, fico muito feliz de estar aqui. O objetivo da Cufa era que outras pessoas parecidas comigo tivessem oportunidades. Apesar de termos crescido, vejo que elas ainda não têm oportunidades. Fico triste porque vivemos em um país que tem uma população composta por 54% de negros, são 112 milhões de pessoas, e para aqueles que não sabem, os negros movimentam 40% da economia. E ainda não conseguimos ver espaços físicos como este refletir esses números. A gente entende que a democratização precisa ir para essas pessoas, para que não vivamos na ilusão de que a meritocracia é fundamental. Ela é fundamental se tiver oportunidade para todo mundo. A briga não é branco contra negro, rico contra pobre, é a briga da sociedade em geral contra a barbárie. Se não, vamos continuar dividindo a tragédia da miséria gerada pela elite”, afirmou Athayde durante a premiação.

Por fim, Paulo Cesar de Souza e Silva é o empreendedor do ano 2017 na indústria. O presidente da Embraer pilota a maior revolução tecnológica da história da empresa. Sob seu comando, a companhia brasileira abocanhou nada menos do que 58% do mercado global de jatos comerciais.
“São 18 mil funcionários que trabalham diuturnamente para representar o Brasil no exterior. Temos uma operação bastante complexa e global. Nós temos investido nos últimos anos por volta de 10% das nossas receitas. É a empresa que mais investe no Brasil, cerca de US$ 700 milhões por ano em inovação. Metade da receita da Embraer é derivada de investimentos em inovação feitos nos últimos anos”, disse Souza e Silva, após receber a homenagem.