O presidente da Itália, Sergio Mattarella, concluiu nesta quinta-feira (5) a primeira rodada oficial de consultas com todas as forças políticas, mas não alcançou um acordo para formar o governo após as eleições de março, nas quais nenhum partido obteve a maioria.

“Até agora não surgiu nenhum acordo político. Iniciarei uma nova rodada de consultas na semana que vem. São necessários mais dias de reflexão”, declarou Mattarella após receber todos os líderes políticos, um mês depois das eleições.

O presidente, como prevê a Constituição, é o encarregado de encontrar uma saída ao bloqueio político.

“Os partidos me pediram mais tempo para refletir sobre a situação e eu também preciso de mais tempo para avaliá-la”, reconheceu.

Tanto o líder xenófobo da Liga Norte, Matteo Salvini, como Luigi di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas (M5E), reivindicam o direito a comandar um governo e estão abertos a trabalhar com outros, mas sob condições diferentes.

Di Maio reclama o cargo de primeiro-ministro como representante do partido mais votado (32%).

Salvini, por sua vez, também aspira ao cargo, mas na qualidade de líder da coalizão de direita, que obteve 37% dos votos nas eleições, formada entre outros pelos conservadores do Força Itália, de Silvio Berlusconi, e os neofascistas do Irmãos da Itália.

Após a primeira rodada de consultas com Mattarella, o líder do M5E propôs formar um governo para a “mudança”, que poderia incluir a ultradireita de Salvini ou o Partido Democrático (PD), de centro esquerda, grande derrotado das eleições.

“Propomos um contrato segundo o modelo alemão para que as forças políticas se comprometam com os italianos sobre o que realizar”, afirmou Di Maio.

“Eles são os dois interlocutores e está claro que são duas soluções alternativas”, explicou Di Maio, que evitou citar o magnata e ex-primeiro-ministro Berlusconi, que o M5E vetou em outras ocasiões.

O líder do movimento antissistema esclareceu que sua formação “não é de esquerda nem de direita” e que entende ser “aliada do Ocidente, da Aliança Atlântica e está dentro da União Europeia e monetária”.

– Negociações –

Para os próximos dias, foram programadas reuniões de Di Maio e Salvini e do secretário em função do PD, Maurizio Martina, para analisar possíveis convergências sobre temas específicos, como a luta contra a corrupção, o desemprego e a gestão da imigração, entre outros.

O PD obteve apenas 18% dos votos e confirmou sua vontade de permanecer na oposição, fechando as portas, por enquanto, a qualquer acordo com o M5E.

Salvini propôs uma clara aliança com o M5E, mas “se todos mantiverem seus personalismos e razoamento pessoal ou de partido, não haverá governo”, destacou.

“Trabalhamos para formar um Executivo que governe ao menos cinco anos. Somando os vencedores e com os números nas mãos deve-se envolver o Movimento Cinco Estrelas”, explicou Salvini após a reunião com Mattarella.

Salvini também destacou não temer voltar às urnas, convencido de que pode repetir a façanha que lhe permitiu em poucos anos chegar a quase 18% e superar o partido de Berlusconi, se tornando a maior força da coalizão de direita.