O governo de direita da Itália aprovou, nesta segunda-feira (1º), um corte dos subsídios contra a pobreza implantados há quatro anos, uma medida criticada como uma “provocação” anunciada no Dia Internacional do Trabalhador.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que lidera a coalizão mais à direita que já governou o país desde a Segunda Guerra Mundial, disse que o auxílio “Renda de Cidadania” será substituído pelo “Medida sobre Inclusão Ativa”, limitado a lares que atendam a uma série de requisitos.

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O governo afirma que o atual auxílio é muito caro, com um custo de cerca de 8,8 bilhões de dólares no ano passado (o equivalente a em 45,9 bilhões de reais em valores da época), e desencoraja pessoas aptas a trabalhar, especialmente os jovens, a procurar um emprego.

Desde que assumiu o cargo em setembro, Meloni tem impulsionado cortes de impostos para empresas, prometendo também restaurar a credibilidade econômica da Itália, reduzindo a dívida contraída durante a pandemia.

“Estamos reformando a Renda de Cidadania para fazer uma distinção entre os que podem e os que não podem trabalhar”, disse Meloni em nota.

Seu governo também facilita às empresas as contratações a curto prazo, que os sindicatos criticam por manter os trabalhadores em situações precárias, e promete incentivos fiscais às empresas que contratarem beneficiários do novo auxílio.

O programa Renda de Cidadania foi implementado em 2019 pelo Movimento Cinco Estrelas (M5S), um partido populista. Seus partidários afirmam que representa uma ajuda importante a milhões de lares de baixa renda, em especial nas regiões mais pobres do sul.

Segundo a Previdência Social da Itália, a Renda de Cidadania beneficiou quatro milhões de pessoas no ano passado, com um auxílio médio de 550 euros mensais (equivalente a 3.061 reais em valores da época).

Os novos depósitos começarão em janeiro de 2024 e terão um custo de cerca de 5,4 milhões de euros ao ano (equivalente a 29,8 milhões de reais em valores atuais).

Serão destinados exclusivamente a lares com menores, pessoas acima de 60 anos ou com deficiência e terão um teto máximo de 500 euros ao mês (cerca de 2,75 mil reais em valores atuais).

O ex-primeiro-ministro, Giuseppe Conte, do M5S, disse que “um governo não se reúne no dia 1º de maio para condenar os jovens a uma vida de precariedade, destruindo seus sonhos de ter uma casa ou ter filhos”.

Roberto Fico, o ex-presidente da Câmara de Deputados, pertencente também ao M5S qualificou a decisão como uma “provocação”.