O presidente francês, Emmanuel Macron, faz nesta semana uma visita a Roma para assinar um novo tratado com a Itália, fundamental para reforçar a União Europeia (UE) e reativar as relações mútuas, após um período diplomático turbulento.

O novo tratado será assinado na sexta-feira (26), em vez de quinta-feira como anunciado inicialmente, em uma cerimônia no Palácio do Quirinal, pelo primeiro-ministro Mario Draghi e pelo presidente da República Sergio Mattarella, o que marca um “recomeço” para os dois países e impulsiona a política da UE em um momento complicado.

Na sexta-feira, o presidente francês também será recebido no Vaticano pelo papa Francisco. A visita é particularmente delicada, já que a Igreja Católica francesa se encontra no centro de um escândalo por abusos sexuais contra meninos cometidos por padres durante décadas.

O novo pacto entre Itália e França, países com vínculos históricos, culturais e linguísticos e com papéis importantes dentro da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), deve fortalecer a relação entre os dois países após a disputa durante o governo populista italiano de 2018-19.

O tratado tem como objetivo intensificar a cooperação em todos os setores, a partir das políticas externa, de defesa e de segurança, passando por migração, economia, pesquisa, cultura e pelas questões entre fronteiras, explicaram fontes da Presidência francesa.

Para o governo italiano, o acordo – que será assinado poucas semanas antes de a França assumir a presidência rotativa da UE em janeiro – tem um “valor simbólico”, diante das mudanças que o Velho Continente está enfrentando.

A saída desordenada do Reino Unido, as disputas entre as democracias liberais da UE e os vizinhos do Leste e o uso dos imigrantes como medida de força afetaram o bloco justo no momento em que sua líder indiscutível, a chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu se aposentar após mais de 15 anos liderando a política europeia.

“Precisamos reforçar a relação franco-italiana, porque não sabemos qual tipo de UE teremos em cinco, ou dez anos”, afirmou o professor Giuseppe Bettoni, da Universidade Tor Vergata, de Roma.

O tratado, que estava sendo preparado desde 2017, precisou ser congelado com a chegada ao poder na Itália, em 2018, do então partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S). Em um primeiro momento, esta sigla se aliou com o partido de extrema direita Liga, contrário a uma política migratória nacional inclusiva.

Seus respectivos vice-primeiros-ministros, Luigi Di Maio, atualmente ministro das Relações Exteriores, e Matteo Salvini, líder da Liga, criticaram Macron abertamente e apoiaram o movimento de protesto dos “coletes amarelos” na França.

As relações melhoraram com a chegada ao poder, em fevereiro passado, do ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Mario Draghi. Ele e Macron já se reuniram várias vezes, estabelecendo também uma boa relação pessoal.