12/03/2021 - 16:41
A Itália anunciou nesta sexta-feira um novo confinamento com o objetivo de frear o avanço da covid-19, em meio à polêmica na Europa sobre a administração da vacina da AstraZeneza e seus possíveis efeitos colaterais, um imunizante que a OMS pediu que continue sendo usado.
O governo do premier italiano, Mario Draghi, determinou um confinamento de 15 de março a 6 de abril nas regiões consideradas “vermelhas” e onde o número semanal de infectados superar 250 a cada 100 mil habitantes.
A Itália, que superou nesta semana a barreira de 100.000 mortes provocadas pela covid-19, observa um forte aumento dos contágios e mortos, em grande parte devido à variante britânica do vírus. O país iniciou a campanha de vacinação no fim de dezembro, mas a distribuição continua lenta. Apenas 1,8 milhão de pessoas – de uma população de 60 milhões – receberam duas doses da vacina até o momento.
Nos Estados Unidos, ao contrário, os espetaculares avanços na imunização deram ao presidente Joe Biden motivos para ser otimista e pensar que os americanos terão “boas chances” de celebrar o feriado de 4 de julho. O país, que fez pedidos suficientes para vacinar todos os adultos até o fim de maio, eliminará gradualmente as restrições de idade para que todos os adultos sejam vacinados até 1º de maio.
Líderes dos Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia se comprometeram a produzir 1 bilhão de doses de vacinas contra a Covid nesse último país até o fim de 2022.
– Medos e homologações –
A iniciativa irá fabricar, principalmente, a vacina americana da Johnson&Johnson, de dose única, que recebeu hoje da OMS a homologação de emergência. “Cada novo instrumento seguro e eficaz contra a doença é um passo a mais para o controle da pandemia”, comentou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A organização já homologou as vacinas Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford. Com a aprovação de hoje, a vacina poderá integrar o programa Covax, criado pela OMS, Aliança para as Vacinas (Gavi) e Coalizão para a Inovação no Preparo ante as Epidemias (Cepi) para distribuir vacinas aos países em desenvolvimento.
A União Europeia também aprovou a vacina da Johnson & Johnson, que poderá acelerar as campanhas de imunização. Entre os fármacos autorizados, está a vacina do laboratório anglo-sueco AstraZeneca, afetada por temores relacionados com a formação de coágulos, embora o grupo tenha assegurado nesta sexta que “não há nenhuma evidência de risco agravado”. “Na verdade, os números para esse tipo (de problema médico) são muito menores entre os vacinados em comparação com o que seria esperado para a população como um todo”, acrescentou o grupo em nota.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira que não há razão para interromper o uso do produto. “Sim, deveríamos continuar utilizando a vacina da AstraZeneca, não há razão para não utilizá-la”, declarou a porta-voz da OMS, Margaret Harris.
Depois que Dinamarca, Islândia e Noruega suspenderam o uso da vacina, a Bulgária anunciou a medida nesta sexta-feira.
No início da semana, a Áustria parou de administrar as doses de um lote de vacinas da AstraZeneca. A decisão foi tomada depois que uma enfermeira de 49 anos morreu vítima de “graves transtornos de coagulação”, alguns dias após ser imunizada. Estônia, Lituânia, Letônia, Luxemburgo e Itália também deixaram de utilizar o lote.
Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) sugeriu nesta sexta o acréscimo de alergias graves à lista de possíveis efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca, após a detecção de casos desse tipo no Reino Unido. A agência reguladora da União Europeia (UE) com sede em Amsterdã indicou, no entanto, que a vacina da AstraZeneca poderia continuar sendo utilizada.
Em seu comunicado desta sexta-feira, a EMA afirma ter “recomendado uma atualização da informação sobre o produto que inclua anafilaxia e hipersensibilidade (reações alérgicas) como efeitos colaterais”.
– ‘Momento mais crítico’ –
Desde o início da pandemia, a covid-19 já matou mais de 2,6 milhões de pessoas no mundo, segundo o balanço mais recente da AFP. Os mais afetados são Estados Unidos e Brasil. Nas últimas 24 horas, o país sul-americano voltou a superar, pela segunda vez, 2.000 mortes diárias, elevando o total de vítimas fatais para mais de 272.000.
Ontem (11), o estado de São Paulo anunciou a imposição de um toque de recolher noturno e a suspensão de eventos esportivos, para enfrentar “o momento mais crítico” da pandemia no país. Já no Chile, a região metropolitana à qual pertence Santiago deu um passo atrás e impôs até o fim do mês uma quarentena parcial, com confinamento domiciliar obrigatório nos fins de semana.
Na área científica, as pesquisas prosseguem. A empresa de biotecnologia americana Novavax confirmou que sua vacina tem 89% de eficácia contra a covid-19, mas que o nível registra queda considerável contra a variante sul-africana, enquanto o grupo farmacêutico francês Sanofi anunciou o início dos testes clínicos em humanos de seu segundo projeto de vacina.
O grupo farmacêutico francês Sanofi anunciou, por sua vez, o lançamento dos primeiros testes em seres humanos do seu segundo projeto de vacina.
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