O crédito específico que impactou o calote de curto prazo do Itaú Unibanco, considerando atrasos de 15 a 90 dias, deve impactar a inadimplência que leva em conta crédito em atraso acima de 90 dias, disse nesta terça-feira, 2, Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores da instituição. “No quarto trimestre, já não devemos ter impacto, pois esse crédito deve ser baixado a prejuízo”, explicou o executivo, em teleconferência com a imprensa, nesta manhã.

O Itaú não abriu o nome do cliente responsável pelo aumento da inadimplência no curto prazo. Segundo a instituição, o saldo deste crédito já foi 100% provisionado. O banco tinha a segunda maior exposição entre os grandes bancos à Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial, conforme documento obtido pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, com um total de quase US$ 563 milhões (R$ 1,982 bilhão).

“Tem casos de negócios que já estão funcionando e casos que são projetos de médio e longo prazo que vão entrar em funcionamento. Estar em algo funcionando tem menos risco. Para isso, você se previne com determinadas garantias. No caso aqui, o provisionamento foi requerido porque de fato já reflete o valor que a gente vê de recuperação. O que dava para ser recuperado já foi. Caso contrário, a perda teria sido ainda maior”, detalhou Kopel.

Margem financeira

A margem financeira com clientes do Itaú Unibanco no segundo trimestre foi impactada por um efeito de cerca de R$ 540 milhões de impairment, disse Kopel. “Portanto, quando normalizamos o efeito, o comportamento da margem com clientes no trimestre foi praticamente estável”, destacou.

Desconsiderando o impairment, conforme Kopel, a taxa média anualizada da margem financeira gerencial com clientes do Itaú (Net Interest Margin – NIM), que não considera a margem financeira com o mercado, seria de 11,3% no segundo trimestre e não de 10,8%, conforme divulgado. Em março, estava em 10,9%.

Já a taxa média anualizada da margem financeira com operações sensíveis a spreads do Itaú teria sido de 11,4%, e não de 10,9% em junho ante 11,1% em março e 10,8% um ano antes.

O diretor de Relações com Investidores do Itaú explicou ainda que a margem sensível a spread ajustada ao risco reflete a redução no nível de redução de provisões, especialmente no segmento de atacado. “O spread da carteira vem se comportando bem. Tivemos impacto de reprecificação que está refletido no incremento”, acrescentou.