Papéis avulsos

A compra de quatro agências e de uma carteira de clientes de renda fixa do HSBC no Chile, anunciada na quinta-feira 29, é apenas o primeiro movimento de uma nova etapa do avanço internacional do Itaú Unibanco. O HSBC está vendendo pequenas operações bancárias no Uruguai e no Paraguai, que estão sendo avaliadas pelo banco brasileiro. A meta é ampliar as redes existentes e também a carteira de clientes nesses países, mantendo a estratégia de foco na América Latina.

 

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O negócio é pequeno – a carteira de ativos do HSBC no Chile é de US$ 20 milhões, e as duas outras, somadas, são um pouco maiores, no entanto, o potencial é amplo em razão da crescente integração entre as economias. Procurado, o Itaú apenas confirmou a operação no Chile, mas não comentou as aquisições no Uruguai e no Paraguai.

 

 

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Educação financeira

 

No livro Investimentos à prova de crise, o economista Marcos Silvestre mostra como é possível realizar investimentos diferenciados, sem abrir mão da segurança e solidez. Assim, é possível conseguir bons lucros, mesmo em tempos de crise financeira. Editora Lua de Papel, 224 páginas, R$ 24,90.

 

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Touro x Urso

 

O comportamento errático do mercado, em setembro, acabou em uma nota negativa. No acumulado até o dia 29, o Índice Bovespa amargou uma queda de 5,5% e, no ano, a baixa chega a 23%. Na eterna queda de braço entre otimistas e pessimistas, ganhou a turma que aposta em mais notícias ruins no mercado global, com especial destaque para uma tragédia grega no mercado financeiro. Por aqui, os olhos começam a se voltar para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando o Banco Central vai definir se acelera ou não o corte nas taxas de juros, para fazer frente aos indícios de esfriamento da economia.

 

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Quem (não) vem lá


Crise faz Enesa desistir do IPO

 

A empresa de construção pesada Enesa Participações desistiu de fazer uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês). No início do ano, a empresa havia publicado seu prospecto inicial, no qual afirmava que a intenção era listar ações ordinárias no Novo Mercado da Bovespa, em ofertas primária e secundária, mas desistiu por causa do momento da bolsa. “O mercado não permitiu a nova emissão”, afirmou o vice-presidente corporativo, Hermes Eduardo Moreira Filho. “Fizemos uma leitura de mercado com investidores locais e internacionais e o book  não era a um preço que nos interessava.”

 

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Fique de olho: Moreira Filho disse que a companhia está negociando com os acionistas e com o BNDES para definir uma estratégia, caso o mercado continue como está por muito tempo. Informou também que a empresa tem um caixa líquido positivo de mais de R$ 200 milhões e que já conta para 2012 com um faturamento contratado 30% maior que o registrado neste ano.

 

 

 

Destaque no pregão


Lopes compra a imobiliária Itaplan

 

A LPS Brasil, proprietária da Lopes, comprou 51% da Itaplan Brasil, uma das principais imobiliárias de São Paulo, por R$ 29,27 milhões, que serão pagos ao longo dos próximos três anos. A meta da LPS com a aquisição é de que a Itaplan promova vendas de R$ 750 milhões nos próximos 12 meses. “Se isso se concretizar, teremos um crescimento de 16% no Valor Geral de Vendas em São Paulo”, diz Marcello Leone, diretor financeiro e de relações com investidores do grupo LPS. O Valor Geral de Vendas (VGV) é a soma do valor potencial de todas as unidades de um empreendimento. Em 2010, o VGV da Lopes no Estado de São Paulo foi de R$ 4,8 bilhões. Desde o IPO, em 2006, 17 marcas foram compradas pelo grupo. 

 

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Palavra de analista: Segundo Armando Halfeld, analista do setor imobiliário da Ativa Corretora, o preço pago pela Lopes é pequeno para os resultados operacionais da empresa. Pelo levantamento da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a Lopes era a campeã de vendas de imóveis novos em São Paulo no ano passado, com 14,45% do mercado, seguida pela Abyara (da Brasil Brokers), com 10,7%. A Itaplan ocupava a oitava posição no ranking, com 2,74% de participação de mercado.

 

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Mercado em números


Brookfield 

 

R$ 372,8 milhões – É o valor pelo qual a Brookfield Incorporações concordou em vender 80% da Torre Sigma, pertencente ao projeto Brookfield Towers, na cidade de São Paulo. O ativo foi vendido para a Brookfield Brasil, subsidiária da gestora de recursos do grupo.

 

 

EDP


R$ 300 milhões – É o valor máximo que a Energias do Brasil (EDP) poderá tomar emprestado do Banco Itaú BBA. A operação, aprovada pelo conselho de administração, será realizada pela controlada Companhia Energética do Jari e terá prazo máximo de dois anos.

 


Providência


R$ 100,5 milhões - É o valor que a companhia Providência pagará antecipadamente sobre 15 mil debêntures em circulação da primeira emissão da companhia. O valor poderá ser acrescido por outros R$ 422,2 mil, referentes a juros “pro rata temporis”.

 

 

Paraná Banco


198 mil - É o máximo de ações preferenciais que o Paraná Banco poderá recomprar em seu novo programa, aprovado pelo conselho de administração. O volume corresponde a 0,64% do total de papéis em circulação.

 

 

 

 

Pelo mundo


Nokia vai demitir 3.500 funcionários

 

A fabricante de celulares finlandesa Nokia anunciou uma nova etapa de reestruturação. O plano inclui o fechamento da unidade na cidade de Cluj, na Romênia, até o fim do ano, afetando 2.200 funcionários até 2012. A companhia também estuda reorganizar outras áreas, medida que deve afetar mais 1.300 empregados. No dia do anúncio, os papéis da empresa subiram 2% em Helsinque.

 

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Walgreens lucra mais

 

O lucro líquido da rede de farmácias americana Walgreens somou US$ 792 milhões no quarto trimestre fiscal, alta de 68% ante o ano anterior. Para o acumulado do ano fiscal, encerrado em agosto, o lucro líquido foi de US$ 2,7 bilhões, alta de 29% ante 2010. Apesar dos ganhos, as ações caíram 6,3% no dia do anúncio.

 

 

 

 

Governo americano investiga Standard & Poor’s

 

O grupo McGraw-Hill, que controla a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), informou que a Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, está investigando a S&P e pode instaurar uma ação civil contra ela. A investigação é sobre o rating de uma oferta de dívida emitida em 2007 e garantida por hipotecas múltiplas. A S&P ainda pode esclarecer o assunto junto à SEC antes que uma ação judicial seja formalizada.

 

 

 

 

Personagem


Reforma na relação

 

Vice-presidente financeiro da construtora Cyrela desde o início do ano, José Florêncio Rodrigues Neto assumiu o cargo de diretor de relações com investidores em agosto e promoveu uma reforma na comunicação com os acionistas. O executivo conversou com a DINHEIRO sobre as mudanças na empresa e também sobre as perspectivas para o setor imobiliário.

 

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José Florêncio Rodrigues Neto, diretor de relações com investidores: em reformas

 

Como se deu sua ida para a diretoria de RI?

Entrei na companhia em fevereiro e, desde então, a ideia da empresa era dar uma nova estrutura para toda a área financeira, que estava muito fragmentada. A partir daquele período, trabalhamos num mapeamento de como isso poderia ser feito para então comunicarmos ao mercado. A saída de Luis Largman (ex-diretor de RI) foi uma decisão dele e apenas coincidiu com esse processo. 

 

O que levou à decisão de reformular a área financeira?

Por essa área passam muitas informações. Há dados oriundos da controladoria, dados que vêm do planejamento e outros provenientes dos demais setores. Ter uma área financeira consolidada facilita o controle de todas essas informações e torna tudo mais transparente.

 

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Essa consolidação também vai reduzir gastos?

Sim. A empresa já planejava, inclusive, criar uma diretoria de back office para consolidar informações que hoje estão divididas em três áreas diferentes. Isso vai gerar mais controle e, consequentemente, mais economia. 

 

O setor imobiliário e o de construção civil estão passando por um crescimento, mas alguns especialistas defendem o risco de uma bolha. Qual sua opinião?

Não acredito que estejamos perto de uma bolha imobiliária. Ainda falta habitação. Temos um déficit habitacional muito grande no Brasil, especialmente para baixa renda. Acredito que para os próximos 15 a 20 anos, ainda teremos uma demanda muito grande e os preços continuarão subindo. Além disso, nos Estados Unidos, por exemplo, quando estourou a bolha imobiliária, o crédito era muito acessível e não havia muito controle. Esse não é o caso do Brasil.

  

 

Colaboraram Fernanda Pressinott e Lilian Sobral