O vice-presidente executivo, CFO (Chief Financial Officer) e CRO (Chief Risk Officer) do Itaú Unibanco, Eduardo Mazzilli de Vassimon, afirmou que as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDDs), no primeiro trimestre foram não usuais. Esses gastos somaram R$ 5,515 bilhões no período, aumento de 19,5% ante o trimestre anterior, de R$ 4,614 bilhões. Em um ano, quando estavam em R$ 4,252 bilhões, as despesas com PDDs cresceram 29,7%.

“Fizemos um grande volume de PDDs neste trimestre, mas consideramos não usual”, disse Vassimon, em teleconferência com analistas e investidores, na manhã desta quarta-feira, 06.

Segundo ele, o Itaú reavaliou preventivamente vários ratings de grandes empresas, impactando nas provisões. O banco atingiu índice de cobertura de 200% no primeiro trimestre, ou seja, para cada R$ 1,00 emprestado, tem R$ 2,00 em provisão. Vassimon garantiu que a despesa com PDDs no primeiro trimestre será o pior número do ano, mas que a tendência é decrescente.

Apesar das explicações do executivo, o Itaú elevou a projeção para esses gastos em 2015. O banco espera que as despesas com PDDs fiquem entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões e não mais entre R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões.

“Fizemos provisões em caráter preventivo e pontual para algumas empresas.Podemos ter elevação do índice (de inadimplência) e não da PDD. Esperamos que PDDs convirjam para centro da meta neste ano”, afirmou Vassimon.

Ele lembrou ainda que as despesas com PDDs do Itaú cresceram no primeiro trimestre, principalmente por conta do segmento grandes empresas. Foram R$ 2,051 bilhões no período somente no segmento de atacado ante R$ 1,236 bilhão no trimestre anterior. “No varejo, o comportamento das PDDs continua normal”, garantiu o executivo.

O Itaú Unibanco anunciou ontem lucro líquido de R$ 5,733 bilhões no primeiro trimestre deste ano, cifra 29,7% maior que a registrada em mesmo intervalo do ano passado, de R$ 4,419 bilhões. Na comparação com o quarto trimestre, quando o montante ficou em R$ 5,520 bilhões, o resultado foi 3,9% superior.

Consignado

A carteira de crédito consignado (com desconto em folha de pagamentos) do Itaú Unibanco deve desacelerar ao longo de 2015 à medida que o banco não deve fazer grandes compras de carteira, segundo o diretor de Controladoria Corporativa e de Relações com Investidores Marcelo Kopel. No primeiro trimestre, conforme ele, essas aquisições foram maiores e ficaram entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão.

“A compra de carteira de crédito consignado para o resto do ano será muito imaterial. A desaceleração do segmento virá por isso”, explicou Kopel.

Com a desaceleração no crédito consignado, o índice de inadimplência deste segmento deve subir, conforme ele, mas nada que chame atenção neste momento. O indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, passou de 0,39% em dezembro para 0,44% ao final de março, subindo pelo segundo trimestre seguido.

O total da carteira de crédito consignado do Itaú atingiu R$ 44,608 bilhões no primeiro trimestre, com aumento de 81,0% em doze meses. No trimestre, o crescimento foi de 10,1%. Os destaques no comparativo anual foram as carteiras de aposentados e pensionistas do INSS e de funcionários do setor público, que, somadas, cresceram 96,4% em relação ao final de março de 2014.

Lucro

O lucro líquido do Itaú Unibanco em 2015 deve vir em linha com as estimativas do banco apesar das mudanças de guidances (projeções) que o banco fez como maiores despesas com provisões, gastos operacionais e menor avanço do crédito, segundo Vassimon. Isso será possível, conforme ele, com as margens maiores compensando tais gastos mais elevados ao longo de 2015.

“A última linha do balanço deve vir bastante próxima do patamar que esperávamos há alguns meses, com variação relevante entre as linhas, com margens mais robustas, PDDs e custos mais elevados, mas com a última linha semelhante”, explicou Vassimon.

De acordo com ele, o ambiente é mais desafiador no ambiente de crédito e, por isso, o Itaú viu necessidade de elevar a expectativa para as despesas com provisões neste ano. Vassimon disse ainda que apesar de esses gastos terem sido não usuais no primeiro trimestre, já impactaram a base e já constituíram valor relevante que afetará o resultado acumulado ano.

“Reafirmamos a expectativa de que as despesas com provisões (PDDs) têm tendência decrescente em termos nominais ao longo dos próximos trimestres. A melhor expectativa é o centro da nova faixa e não o topo”, destacou Vassimon.

Ele reafirmou que o aumento das provisões para devedores foi, principalmente, ocorrido por grandes empresas e que no varejo o banco espera estabilidade ou pequena elevação por conta de um ambiente econômico mais desafiador. “Estamos confortáveis com políticas de provisionamento no atacado e varejo”, acrescentou o executivo.

Sobre o índice de cobertura, que atingiu 200% no trimestre, Kopel explicou que pode haver redução no indicador com a concretização de atraso em alguns créditos. Lembrou ainda que foi, justamente por essa possibilidade, que o banco foi proativo em fazer provisões.