Alguns funcionários do banco Itaú estão excedendo o limite de horas extras mensais. O mais interessante é que contam com a simpatia dos seus superiores para ficarem trabalhando até tarde. Na segunda maior instituição financeira do País, um exército de 2 mil pessoas da área de tecnologia tem trabalhado intensamente em direção de um único objetivo. O Itaú quer recuperar a imagem pública do banco brasileiro mais sofisticado tecnologicamente, que muitos acreditam pertencer hoje ao Bradesco. É certo que as duas marcas oferecem serviços equivalentes na área tecnológica, mas por algum motivo que os executivos do Itaú não entendem, o Bradesco parece estar na dianteira. A ação do Itaú é arrojada. Envolve todos os setores do banco, mas o pessoal da tecnologia está como a tropa de infantaria. ?Queremos colocar de 10 a 15 novidades por mês para os nossos clientes?, diz Renato Cuoco, vice-presidente executivo do Itaú e comandante-em-chefe de toda essa operação.

Com um orçamento anual de R$ 600 milhões, o exército do Itaú está praticamente dividido em duas áreas. A primeira produz novidades para os clientes e a segunda cria produtos sob demanda que chegam de outros setores do banco. Pesquisando e desenvolvendo serviços, o time está concentrado em três áreas chaves para sua estratégia de opinião pública: internet, cartões inteligentes, conhecidos como smart card, e sistemas de identificação biométrica, que incluem, por exemplo, produtos onde o cliente poderá ser reconhecido pela sua íris. ?Um banco depende de tecnologia para sobreviver, porque ela o coloca na dianteira do mercado e ainda reduz custos?, afirma Cuoco. A associação entre a marca Itaú e tecnologia é antiga. Em 1982, o banco lançou o seu primeiro caixa eletrônico e nos anos seguintes foi um dos primeiros a oferecer a possibilidade dos correntistas terem seus saldos e extratos na tela do computador, uma espécie de internet primitiva.

 

Internet. Foi graças a esse produto que o Itaú tomou para si slogan de ?banco eletrônico?. O Bradesco também seguiu caminhos semelhantes, como outros bancos que também possuem serviços pela internet, mas se diferenciou porque conseguiu formar junto aos formadores de opinião a imagem de pioneiro em oferecer acesso gratuito à rede, em dezembro de 1999. Essa decisão, que muitos consideraram arriscada na época, colocou o banco na dianteira da nova onda tecnológica. ?Durante a febre da internet, o Bradesco soube aproveitar bem todas as variáveis em torno desse tema?, afirma Souvenir Zalla, diretor da consultoria Edge Group. Nesse período, o Itaú preferiu ser mais conservador. Seu lance
mais ousado foi a associação com o provedor América On Line, que está sendo revista porque não rendeu os dividendos necessários para o banco.

O Itaú sabe que do outro lado, o concorrente é capaz de lances nessa área que poucos bancos no mundo conseguiriam reproduzir. É por isso que o time comandado por Renato Cuoco não relaxa. ?Vamos mais longe do que qualquer pessoa é capaz de imaginar?, diz o vice-presidente. Graças a tecnologia, um projeto ou até mesmo um simples software que antes levava em média dois anos para ser desenvolvido pode ser concluído em seis meses. É essa velocidade que o Itaú quer imprimir nos seus novos produtos.