08/11/2006 - 8:00
A divisão, simbolicamente marcada pela congestionada rua Augusta, entre os bancos Safra e J.Safra está com os dias contados. As duas instituições, sediadas lado a lado na avenida Paulista, em São Paulo, estão iniciando um processo de fusão. O objetivo é acabar com a sobreposição de atividades que existe desde 2004, quando o J.Safra foi criado.
Oficialmente, não há nada decidido. Sabe-se que vai haver, efetivamente, uma integração. E que o nome J.Safra continuará existindo. Não mais como marca de banco comercial, mas como banco de investimento. Ainda não há data definida para a fusão. Mas é certo que ela não ocorrerá antes do fim deste ano.
Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, lembra que o J.Safra foi criado em função de uma disputa entre Joseph e Moyse Safra, os irmãos que dividiam o controle do Grupo Safra. Ao abrir uma espécie de clone de seu banco, operando nos mesmos setores e oferecendo serviços aos mesmos clientes da matriz, Joseph ganhou um trunfo para convencer Moyse a vender a ele sua participação no grupo. ?O J.Safra cresceu muito rápido em dois anos (os ativos totais do banco saltaram de R$ 1 bilhão em dezembro de 2004 para R$ 7,2 bilhões em março deste ano) e fortaleceu a posição de Joseph na negociação?, diz Rodrigues. Com a venda das ações de Moyse efetivada no final de julho, a questão societária ficou resolvida. E a manutenção dos dois bancos separados perdeu a razão de ser. ?Acho que (a fusão) faz todo sentido após o equacionamento da participação societária do irmão (Moyse)?, diz o presidente de um banco de médio porte.
O que muda para clientes e investidores? Muito pouco, em princípio. ?O mercado já via Safra e J.Safra como um banco só. Não vejo dificuldade em fazer a integração?, diz Erivelto Rodrigues. Fábio Kanczuk, analista da MCM Consultores Associados, prevê que não haverá impacto nos preços de produtos e serviços. Nem problemas de concentração de mercado que possam provocar o veto ao negócio. ?Safra e J.Safra estão em um mercado de competitividade acirrada?, nota. Na área de gestão de recursos de clientes ricos (a grande especialidade dos Safras), a fidelidade do investidor ao banco tende a ser menor do que sua preocupação com a lucratividade. Não se esperam, tampouco, grandes economias. ?(A fusão) é mais um acerto de família do que uma estratégia de mercado?, diz Kanczuk.