13/08/2020 - 21:01
Muja sobreviveu a bombardeios e mudou de país, mas nunca, desde que chegou ao Zoológico de Belgrado, na Sérvia, há 83 anos, deixou sua pequena piscina, tornando-se o jacaré em cativeiro mais velho do mundo. Não se sabe exatamente quantos anos ele tem, mas uma campanha publicitária marca esta semana sua chegada ao local em 1937, vindo de um zoológico na Alemanha.
“Ele é um senhor e respeitamos sua idade”, explica sorrindo Jozef Edvedj, o veterinário-chefe do zoológico, enquanto um grupo de funcionários coloca lentamente um rato morto nas mandíbulas do réptil.
O animal se tornou oficialmente o jacaré mais velho do mundo depois da morte em maio do famoso Saturno do Zoológico de Moscou, nascido em 1936. Segundo a imprensa da época, Muja tinha dois anos quando chegou em 1937, mas os funcionários estimam que ele tenha mais de 90 anos.
Sem nunca sair da piscina de 12 x 7 m, Muja sobreviveu aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, que devastaram o zoológico e mataram a maioria dos animais e seis funcionários.
Ele foi para Belgrado quando esta era a capital do Reino da Iugoslávia. Viveu a era socialista e depois a sangrenta dissolução da antiga Iugoslávia, que acabou em 1999 com mais bombardeios, desta vez da OTAN.
Muja tem uma saúde boa para a idade, segundo o veterinário. A única vez que ele deu um susto foi em 2012, quando uma gangrena os obrigou a amputar sua pata dianteira direita.
Ele não consegue se mover muito, mas às vezes recupera um pouco o estado de alerta quando o alimentam, uma ou duas vezes por mês. Frequentemente, porém, precisa de ajuda para encontrar sua “presa”. Seu cardápio consiste em ratos pelados, coelhos, pássaros, carne de cavalo ou bovina, minerais e vitaminas, diz Edvedj.
Ser um animal de sangue frio desacelera o metabolismo de Muja e prolonga sua vida, de acordo com o veterinário. “Espero que possamos comemorar seu 100º aniversário, acho que ele pode viver confortavelmente mais 15 ou 20 anos”.