27/11/2002 - 8:00
Jacques Nasser pode finalmente entregar as chaves do escritório que a Ford lhe emprestou. Desde que deixou o comando da montadora, em outubro de 2001, o executivo passou quase um ano em uma das salas do complexo de Detroit (sede da empresa) tocando projetos pessoais e aguardando pacientemente a famosa quarentena a que os grandes comandantes são forçados a cumprir. Na última semana, Jack limpou as gavetas e se mandou de mala e cuia para outro escritório na mesma Detroit. Este, do Bank One, instituição com mais de US$ 260 bilhões em ativos. Jack virou sócio do braço de investimento privado do grupo, o One Equity. Será responsável pela identificação, análise e aprovação de investimentos em empresas. ?É uma nova forma de contribuir para o crescimento de companhias e trazer retorno aos acionistas?, revelou Nasser.
Em alguns casos, Jack vai meter a mão na massa. Já está acertado, por exemplo, que o ex-comandante da Ford irá pilotar a reestruturação da falida Polaroid, adquirida pelo Bank One em julho. Caberá a ele acompanhar todos os passos da equipe que tenta levantar a empresa, afundada em dívidas de US$ 950 milhões. O trabalho de Jack será ?vigiar? a parte administrativa, desenvolver produtos e resgatar o brilho de uma das marcas mais famosas do mundo. ?Jack tem talento para recuperar companhias e achar boas oportunidades no mercado?, afirma à DINHEIRO o ex-colega de Ford em Detroit, John Tome, diretor de relações internacionais. Na montadora, Jack foi o responsável pela compra de Jaguar, Volvo e Land Rover. O executivo moldou sua carreira na Ford. Após 33 anos de casa, tornou-se, em 1998, o presidente mundial. Mas a saga foi interrompida em 2001 depois que ele se desentendeu com William Ford Jr., bisneto do fundador. A partir daí, Bill Ford decidiu pilotar sozinho. E Jack foi para o banco.