Tudo não passa de uma questão de parâmetros. Para a maioria das montadoras, veículo popular é aquele desprovido de qualquer conforto, com os mais básicos equipamentos e um motor cujo desempenho só é bom quando conta com a ajuda da força da gravidade. Nada disso passou pela cabeça dos engenheiros da britânica Jaguar, porém, quando lhes foi encomendado o projeto do mais barato carro já produzido naquele templo da indústria automobilística. Para aqueles mestres do design automotivo, requinte, potência, tecnologia são tão indispensáveis quanto as velas de um motor. E, por isso, não havia como deixá-los de fora do X-Type, o Jaguar ?popular?, o Jaguar para iniciantes nos deleites sobre rodas. Trata-se de uma fera, como anuncia o felino encravado no capô e no volante. Em sua versão mais modesta, vem com motor 2.5 litros, potência de 194 HP. Já o top de linha, com motor 3.0, vai a 230 HP, cinco vezes a força de um desses populares que infestam as ruas brasileiras.

 

Sentado ao volante do X-Type, porém, aspectos mecânicos perdem relevância. De tão precisa, a máquina nem parece estar lá, fazendo seu trabalho com precisão. Destaque para a suave transmissão do câmbio automático (a alavanca, diga-se, movimenta-se por um trilho em forma de J). Efeito imediato dessa sensação é o fim da pressa. Confortavelmente instalados em impecáveis bancos de couro (o gado que lhe dá origem é criado totalmente confinado, longe de arames e objetos pontiagudos que possam provocar arranhões), protegidos por isolamento acústico quase perfeito e cercados de esmero em cada detalhe (o revestimento de madeira, por exemplo, é obtido a partir de imaculadas raízes de nogueiras especialmente cultivadas para esse fim), motorista e passageiros podem desligar-se da tensão do trânsito, como se estivessem em uma luxuosa sala de estar. Não significa que engarrafamentos passarão a compor sua lista de prazeres. Mas enfrentá-los a bordo de um Jaguar, mesmo o popular, é um ato bem menos penoso.

 

O X-Type é um jovem clássico. Tem a elegância discreta da dinastia Jaguar, que faz dos carros da grife automobilística os favoritos dos donos do chamado silent money, aqueles que usam seu dinheiro com o que há de melhor, mas sem alarde. Nas ruas de São Paulo, por exemplo, o X-Type desfila sem chamar atenção. Há, é claro, quem faça malabarismos para mantê-lo no campo de visão ao cruzar com suas linhas inigualáveis. Mas o fazem porque conhecem e admiram a mística
da marca e não em função do apelo de outras mais associadas à ostentação. Possui, também, um irrefreável gosto por modernidades. Ao alcance das mãos do motorista está muito do que de melhor a indústria produziu em tecnologia embarcada. Não é preciso tirar os dedos do couro do volante, por exemplo, para controlar som,
ar-condicionado ou o viva-voz do celular. Há botões para tudo, do ajuste dos bancos aos interruptores do computador de bordo. Em alguns modelos, nem sequer apertá-los é preciso. Sensores cuidam do trabalho, acendendo os faróis se a luminosidade externa exigir ou regulando a pressão dos air-bags conforme peso e altura dos ocupantes do carro. Enfim, coisas de um popular, segundo os parâmetros da Jaguar.