A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, afirmou neste sábado, 9, que vai continuar acompanhando o marido, presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em encontros de trabalho. Em mensagem, durante a Conferência Eleitoral e Programa de Governo do partido, em Brasília, Janja rebateu críticas sobre as viagens que faz com Lula.

“Você fez uma fala ótima (dirigindo-se à Anne Moura, secretária nacional de Mulheres do PT) agora, que eu falei até esses dias numa reunião que eu estava lá no G-20. Todo mundo fica falando: ‘O que ela (Janja) está fazendo lá com o presidente? Ela não foi eleita’. Dane-se, eu vou estar sempre”, afirmou a primeira-dama, sob aplausos da militância do partido.

“Ninguém me deu aquele lugar, eu conquistei.”

Janja tem sido presença constante em viagens institucionais do presidente. A primeira-dama viajou à Índia com Lula, em setembro, quando o petista assumiu a presidência do G-20. Em novembro, afirmou que desejava ter um gabinete próprio no Palácio do Planalto, onde o marido despacha com auxiliares.

A primeira-dama participou da mesa “O Poder Político com a Cara do Brasil” sobre as eleições do ano que vem, durante a conferência petista deste sábado. Janja relembrou uma crítica que fez ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que afirmou que os homens precisavam dar mais espaço às mulheres.

Durante a conferência, a primeira-dama defendeu a entrada de mais mulheres na política e afirmou que as cotas “já não bastam”. Desde 2009, os partidos e as coligações são obrigados por lei a destinar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. A determinação vale eleições para Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa do Distrito Federal, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.

Janja declarou que é preciso “superar um pouco esse discurso das cotas”. A primeira-dama apontou que as mulheres devem “lutar por cadeiras” e “por equidade”. Segundo a primeira-dama, “o sistema partidário e eleitoral do jeito que está posto no Brasil, a gente não consegue”.

“Eu chego à conclusão que ele foi feito para isso mesmo, né, para a gente nunca conseguir”, afirmou. “A gente precisa 50-50%.”

A primeira-dama disse que ela própria fica “um pouco indignada” com “algumas fotos” de reuniões “que saem homens brancos”. “Essa, infelizmente, ainda é a realidade da política. É por isso que a gente está aqui”, afirmou. “Lutar por nosso espaço.”

Em outubro, Lula recebeu críticas por derrubar a terceira mulher de seu governo e entregar o cargo a um homem. Rita Serrano perdeu a presidência da Caixa Econômica Federal porque o presidente aceitou ceder ao apetite do Centrão, entregando o posto a um homem. Pelo mesmo motivo, o petista também tirou Daniela Carneiro, do Turismo, e Ana Moser, do Esporte.

Quando foi eleito, Lula prometeu dar mais equilíbrio de gênero na composição de governo. O presidente anunciou o primeiro escalão com 11 mulheres – nem a metade da Esplanada, composta por 37 ministérios no início do governo. Agora, a gestão tem 38 pastas, com a criação do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, para abrigar Márcio França.

O presidente também foi cobrado a indicar uma mulher para duas vagas que abriram no Supremo Tribunal Federal (STF), mas não cedeu aos apelos, indicando dois homens.