25/01/2023 - 0:34
O primeiro-ministro do Japão emitiu um alerta terrível sobre a crise populacional do país na segunda-feira (23), dizendo que estava “à beira de não ser capaz de manter as funções sociais” devido à queda na taxa de natalidade.
Em um discurso político aos legisladores, Fumio Kishida disse que era o caso de resolver a questão “agora ou nunca” e que “simplesmente não pode esperar mais”.
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“Ao pensar na sustentabilidade e na inclusão da economia e sociedade de nossa nação, colocamos o apoio à criação de filhos como nossa política mais importante”, disse o primeiro-ministro.
Kishida acrescentou que deseja que o governo dobre seus gastos com programas relacionados a crianças e que uma nova agência governamental seja criada em abril para se concentrar na questão.
O Japão tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, com o Ministério da Saúde prevendo que registrará menos de 800.000 nascimentos em 2022 pela primeira vez desde que os registros começaram em 1899.
O país também tem uma das maiores expectativas de vida do mundo; em 2020, quase uma em cada 1.500 pessoas no Japão tinha 100 anos ou mais, de acordo com dados do governo.
Essas tendências levaram a uma crise demográfica crescente, com uma sociedade envelhecendo rapidamente, uma força de trabalho encolhendo e um número insuficiente de jovens para preencher as lacunas na economia estagnada.
Os especialistas apontam vários fatores por trás da baixa taxa de natalidade. O alto custo de vida do país, o espaço limitado e a falta de apoio para creches nas cidades dificultam a criação dos filhos, o que significa que menos casais estão tendo filhos. Casais urbanos também estão frequentemente longe de parentes que poderiam ajudar a fornecer apoio.
As atitudes em relação ao casamento e à formação de famílias também mudaram nos últimos anos, com mais casais adiando ambos durante a pandemia.
Alguns apontam para o pessimismo dos jovens no Japão em relação ao futuro, muitos frustrados com a pressão do trabalho e a estagnação econômica.
A economia do Japão estagnou desde o estouro de sua bolha de ativos no início dos anos 1990. O crescimento do PIB do país desacelerou de 4,9% em 1990 para 0,3% em 2019, segundo o Banco Mundial. Enquanto isso, a renda média anual real das famílias caiu de 6,59 milhões de ienes (US$ 50.600) em 1995 para 5,64 milhões de ienes (US$ 43.300) em 2020, de acordo com dados de 2021 do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do país.
O governo lançou várias iniciativas para lidar com o declínio da população nas últimas décadas, incluindo novas políticas para melhorar os serviços de cuidados infantis e melhorar as instalações habitacionais para famílias com crianças. Algumas cidades rurais começaram até a pagar aos casais que moram lá para terem filhos.
A mudança demográfica também é uma preocupação em outras partes do leste da Ásia.
A Coreia do Sul recentemente quebrou seu próprio recorde de menor taxa de fertilidade do mundo, com dados de novembro de 2022 mostrando que uma mulher sul-coreana terá uma média de 0,79 filhos ao longo da vida – muito abaixo dos 2,1 necessários para manter uma população estável. A taxa de fertilidade do Japão é de 1,3, enquanto a dos Estados Unidos é de 1,6.
Enquanto isso, a população da China encolheu em 2022 pela primeira vez desde a década de 1960, aumentando seus problemas enquanto luta para se recuperar da pandemia. A última vez que sua população caiu foi em 1961, durante uma fome que matou dezenas de milhões de pessoas em todo o país.