11/11/2016 - 14:38
O Japão e a Índia assinaram nesta sexta-feira um controverso acordo nuclear civil que permitirá que empresas japonesas exportem tecnologia atômica para o gigante asiático, em um momento em que os dois países aprofundam seus laços econômicos e de segurança.
O pacto assinado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e seu homólogo indiano, Narendra Modi, é o primeiro do Japão com uma nação que não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
O tratado proíbe as nações que não sejam os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU de desenvolver e possuir armas nucleares.
O Japão, vítima de ataques com bombas atômicas no final da Segunda Guerra Mundial, há muito tempo evitava a cooperação nuclear civil com a Índia, devido ao TNP.
Mas o governo japonês flexibilizou sua postura, em um momento em que compete por negócios lucrativos e aumenta a cooperação estratégica com Nova Délhi ante a crescente presença econômica e militar da China na região.
“O acordo é um marco legal para garantir que a Índia aja com responsabilidade para o uso pacífico da energia nuclear”, disse Abe a jornalistas, com Modi ao seu lado.
De acordo com um membro do governo japonês, as duas nações concordaram que o Japão poderá suspender a cooperação se a Índia retomar os testes nucleares.
“A assinatura do acordo para a cooperação no uso pacífico da energia nuclear marca um passo histórico no nosso compromisso para construir uma parceria de energias limpas”, disse Modi.
Além dos Estados Unidos e do Japão, a Índia também tem acordos semelhantes com a França e a Austrália.
Os aliados asiáticos intensificaram sua cooperação nos últimos anos, assinando acordos em dezembro passado sobre a transferência de equipamentos e tecnologia de defesa e sobre a troca de informações militares confidenciais.
O acordo nuclear chega ante o cenário de inquietação crescente sobre o papel expansivo da China na região.
A Índia tem uma disputa territorial de longa data com a China, e as tropas dos dois países se envolveram em um episódio de grande tensão na fronteira em 2014.
Tóquio tem suas próprias rusgas com Pequim sobre as ilhas no Mar da China Oriental, e é cada vez mais crítico em relação às ambições de seu rival de controlar quase todo o Mar do Sul da China.
Modi visitou o Japão em agosto de 2014, em sua primeira viagem bilateral fora do sul da Ásia, meses depois de chegar ao poder.
Em dezembro passado, Abe fez uma visita de dois dias a Índia.
O líder indiano encerrará sua viagem na cidade de Kobe no sábado, após ele e Abe visitarem uma fábrica que produz trens de alta velocidade.
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