10/04/2023 - 22:30
Há um templo budista em Quioto, no Japão, onde a transmissão de ensinamentos religiosos está a cargo de um robô.
“Apesar de o aparelho ter um aspecto estranho, a ideia é interessante, uma vez que os templos podem agora alcançar pessoas que, até então, não tinham revelado qualquer vontade em conhecer mais sobre o budismo”, afirmou Eishin Masuda, um residente de Nagoya, que assistiu a uma das primeiras sessões lideradas pelo androide.
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O robô tem cerca de 1,95m e pesa 60 quilos. Mindar é o nome com que foi batizado. Para se assemelhar a uma pessoa, foi revestido com elementos anatômicos de silicone (rosto, ombros e mãos) que se mexem enquanto este funciona. A ideia foi torná-lo mais expressivo e crível. O Mindar consegue sorrir e até piscar os olhos.
Os temas tratados pelo robô são decididos à priori pelos clérigos responsáveis pelo templo.
Tensho Goto é o autor da ideia que deu origem a Mindar. O antigo responsável pelo templo sugeriu, em 2017, a um professor da Universidade de Osaka, que fosse criada “uma estátua robótica”. Goto, de 75 anos, acreditava num budismo flexível, capaz de se adaptar aos tempos e defendeu que isso implicava desenvolver novas formas de disseminar os ensinamentos da religião.
A primeira versão do Mindar nasceu em 2019 e há quem já tenha assistido a mais de mil palestras do robô.
Em 2019, quando estreou o robô, Goto destacava a imortalidade desta tecnologia para se defender dos críticos. “A diferença entre um monge e um robô é que os monges vão morrer. O Mindar pode armazenar muito mais informação e falar com muito mais pessoas. Pode evoluir infinitamente”.
A ideia de continuidade é pertinente quando levamos em conta a idade do espaço onde Mindar opera, uma vez que o templo de Kodaji foi fundado no século XVI.