O senador Jaques Wagner (PT), que atua como um articulador político do governo eleito nesta fase de transição, disse acreditar que a indicação de um ministro da Fazenda, neste momento, ajudaria o governo Lula a avançar na tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que prevê uma licença para gastar fora do teto em 2023, além de ser uma sinalização para os investidores.

“Eu acho que falta, por enquanto, um ministro da Fazenda”, disse Wagner, sem citar nomes. “Eu acho que facilita (se um ministro fosse indicado agora), mas isso é uma opinião. Quem vai decidir é o presidente da República.”

Desde a viagem com Lula para a COP-27, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad passou a ser o mais cotado para assumir a Fazenda do próximo governo em uma dobradinha com o economista Persio Arida, que poderia ficar com o Ministério do Planejamento. O mercado que sempre se mostrou contrário ao nome de Haddad para o comando da economia do governo Lula passou a achar que a parceria com Arida poderia “diminuir danos”.

O senador afirmou que tem atuado como articulado político, mas que não vai ter cargo no governo. Wagner comentou ainda que espera que a retirada do Bolsa Família da regra do teto de gastos seja aprovada pelo prazo mínimo de quatro anos, período do futuro mandato de Lula, mas que a decisão vai depender mesmo do Congresso. A previsão de retirar o programa da regra que atrela o crescimento das despesas à inflação está na PEC da Transição.

“Prazo de quatro anos é nosso desejo, mas nem sempre numa democracia você tem seu desejo atendido. Entre um ano e quatro, tem dois e três”, disse. “Eu estou ajudando, porque essa é minha experiência, de articulador político, mas não sou eu que estou fazendo sozinho, tem muita gente. Querem botar nas minhas costas, tudo.”

Jaques Wagner afirmou ainda que terá uma reunião pessoal com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 25, em São Paulo. O senador afirmou que Lula está “falando baixo” devido à cirurgia que realizou, por isso é melhor conversar pessoalmente.

O senador baiano afirmou que ainda “não tem nenhum nome na mesa” para assumir a Fazenda, mas sim “na cabeça do presidente”. “Nós vamos conversar, eu vou dar o quadro para ele. Ele está refletindo, está olhando as coisas.”