23/12/2010 - 10:00
Depois de várias tratativas e de a negociação ter emperrado no início do ano devido à discordância sobre os valores, o JBS de Joesley Mendonça Batista pode fazer uma oferta pela empresa americana. Nenhuma das envolvidas comenta o assunto, mas fontes próximas informaram que há dois caminhos possíveis. Em um deles, o frigorífico brasileiro poderia assumir as atividades de carnes e bebidas da Sara Lee. Em outro, o JBS compraria todas as operações de alimentos da empresa.
Joesley Batista: em busca de diversificação
A capitalização de ambas é comparável, cerca de R$ 17 bilhões. A Sara Lee está presente em mais de 20 países. No Brasil, sua principal atuação é no setor cafeeiro e ela possui as marcas Café do Ponto, Café Pilão, Caboclo e Seleto. Na divulgação da notícia, as ações da Sara Lee subiram 3,6% nos Estados Unidos e os papéis da JBS caíram 1,3% na segunda-feira 20. Os analistas veem o negócio com reservas. ?O mercado está preocupado com as condições de uma possível aquisição?, diz Cauê Pinheiro, da corretora SLW. ?O que pode dificultar um eventual acordo de compra é a grande necessidade de financiamento para a operação?, afirmou a corretora Planner em relatório.
Destaque no pregão
Suzano empresta R$ 2,7 bilhões do BNDES
A Suzano Papel e Celulose obteve um financiamento de R$ 2,7 bilhões no BNDES para construir uma nova unidade industrial em Imperatriz (MA). Além da fábrica, o dinheiro será investido na infraestrutura e nos equipamentos para a operação, na construção de planta de cogeração de energia de biomassa e em capital de giro. Entre as condições exigidas pelo BNDES para a liberação do aporte está uma emissão privada de debêntures de R$ 1,2 bilhão. Os títulos terão vencimento de 60 anos e remuneração atrelada ao IPCA mais 4,5%.
Palavra de analista
A entrada do BNDES é importante para a Suzano, na opinião de Pedro Galdi, analista-chefe da SLW corretora. ?A instituição vai ser um sócio investidor. A companhia vai continuar com uma boa estrutura de capital e ainda vai entrar dinheiro?, afirma. Apesar da redução do preço da celulose desde o meio do ano, Galdi acredita que as ações do setor são uma boa opção. Para a Suzano, ele tem recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 21,71 para dezembro de 2011.
Bebidas
Ambev fará desdobramento de ações
A Ambev aprovou no dia 17 o desdobramento de suas ações preferenciais e ordinárias na proporção de cinco papéis novos para cada um existente. O valor do capital social da companhia continua o mesmo, mas agora será composto por 3,1 bilhões de ações, sendo 1,7 bilhão ordinárias e 1,4 bilhão preferenciais. Os American Depositary Receipts (ADRs) também serão desdobrados e cada um dos cinco certificados continuará representando uma ação. No dia do anúncio, os papéis preferenciais da AmBev subiram 0,8%, para R$ 244,98. Em 2010, as ações acumulam alta de 46,3% e em um ano, de 50,7%.
Maiores altas da semana
Maiores baixas da semana
As 10 mais negociadas do Ibovespa
Desempenho das empresas por setor de atividade econômica
Termômetro do mercado
Bolsa no mundo
Educação financeira
Ao diversificar suas atividades, uma empresa procura reduzir o risco de seus resultados. A lógica econômica dessa decisão é que atividades diferentes têm ciclos distintos e, quando alguns dos negócios de uma corporação vão mal, essa queda nos números é compensada pelas outras atividades que são rentáveis. Mesmo reduzindo o risco, a diversificação tem o problema de, em geral, reduzir a rentabilidade média de uma empresa.
Quem vem lá
Direcional capta R$ 450 milhões
A incorporadora mineira Direcional Engenharia pretende levantar R$ 450 milhões em uma oferta de ações. A intenção da companhia presidida por Ricardo Valadares Gontijo, e que abriu capital em novembro de 2009, é realizar uma oferta primária e secundária. Segundo a empresa, a captação visa acelerar seu crescimento, além de aumentar sua liquidez e expandir a base acionária. O preço por ação e a quantidade de papéis que serão lançados ainda não foram informados ao mercado.
Fique de olho: no terceiro trimestre de 2010, a Direcional teve lucro de R$ 118 milhões, alta de 97,3% sobre o mesmo período do ano anterior. A Direcional estima que aproximadamente 80% do total levantado será resultante da distribuição primária de ações.
Touro x urso
O ano está terminando e, até as vésperas do Natal, o jogo na Bovespa parecia estar no zero a zero. Tanto em reais quanto em dólares (ver tabela Bolsa no Mundo, abaixo), 2010 foi um ano sem ganhos para o investidor que começou a comprar ações na virada de 2009. A ausência de grandes surpresas nas estatísticas econômicas nestes últimos dias de negociação tende a manter o principal indicador do mercado acionário sem uma direção definida. O ano de 2011, no entanto, pode começar mais animado, já que os grandes investidores institucionais deverão aproveitar a mudança no calendário gregoriano para rever aplicações globais. O Brasil em início de um novo governo, segue crescendo pelo menos 5%, o que deve favorecer muitas empresas na Bolsa.
Shopping centers
Crescimento sustentável
Veronezi: meta é atrair investidores internacionais
Dona do Prime Outlet, em Campinas, no interior de São Paulo, a General Shopping pretende construir outro shopping de desconto em 2011. Alessandro Veronezi, diretor de relações com investidores da companhia, faz segredo sobre a localização do novo empreendimento. Apesar da reserva, ele não esconde a estratégia para aumentar a liquidez das ações da companhia e atrair mais investidores, especialmente internacionais:
DINHEIRO ? Quais são os planos para o ano que vem?
VERONEZI ? Além dos novos shoppings Barueri, em São Paulo, e Sulacap, no Rio de Janeiro, pretendemos desenvolver mais um shopping de desconto no fim de 2011. A companhia tem mais quatro expansões previstas para 2011. Elas vão ocorrer nas cidades paulistas de Campinas, Presidente Prudente e Osasco e em Cascavel, no Paraná.
DINHEIRO ? Por que outro outlet?
VERONEZI ? Somos a única companhia que tem um modelo de outlets bem-sucedido no Brasil. Esses projetos são atrativos, mas eles têm de ser feitos de maneira cuidadosa. Não são todas as cidades que comportam esse tipo de shopping. A General Shopping cobra os lojistas com desconto, mas o shopping tem que ser rentável. Um outlet tem de ter lojas baratas, caso contrário o comerciante não consegue vender mais barato. Isso passa pelo processo de desenvolvimento e construção.
DINHEIRO ? Como o sr. avalia a alta de 39,8% das ações em 2010?
VERONEZI ? A alta de 2010 reflete uma recuperação do valor que havia sido perdido durante a crise de 2008. A ação sofreu pela baixa liquidez e por isso caiu mais fortemente.
DINHEIRO ? Como mudar isso?
VERONEZI ? No quarto trimestre contratamos um novo formador de mercado, a XP Corretora, para melhorar a liquidez da ação. Isso hoje já pode ser notado. Durante todo o terceiro trimestre, o volume de negócios somou R$ 59 milhões. No bimestre de outubro e novembro, o volume foi de R$ 63 milhões.
DINHEIRO ? Como a companhia tem atraído investidores?
VERONEZI ? Tenho visitado acionistas internacionais. O setor de shopping centers tem uma abordagem imobiliária, mas também tem uma visão do varejo. Nossos shoppings estão voltados para a classe média, o que atrai o investidor estrangeiro. Eles têm muito interesse em acompanhar a história, a estratégia e os fatos relevantes da companhia.
Pelo mundo
Oracle lucra mais 28% – O lucro da americana Oracle, do bilionário Larry Ellison, atingiu US$ 1,9 bilhão entre setembro e novembro, alta de 28% ante 2009. Já a receita líquida da companhia aumentou 47%, para US$ 8,6 bilhões. As receitas de novos softwares, considerados um dos principais termômetros do crescimento da Oracle, aumentaram 21%.
Fusões crescem 19% – As fusões e aquisições entre empresas totalizam US$ 2,25 trilhões em 2010, aumento de 19% em relação a 2009. Segundo dados preliminares da Thomson Reuters, o quarto trimestre registrou uma queda de 17% no valor dos negócios, que totalizaram US$ 529 bilhões. A maior parte das operações (34%) aconteceu com empresas dos Estados Unidos.
Chevron no golfo – A petrolífera americana Chevron anunciou na quinta-feira 16 um investimento de US$ 4 bilhões no projeto Big Foot, em águas profundas na parte americana do Golfo do México. Esta será a sexta operação na região e a estimativa é de que a jazida produza 75 mil barris por dia. A primeira extração de petróleo deve ocorrer em 2014.
Com Juliana Schincariol e Lilian Sobral